(Ceci)
A sala 12 era um aquário de vidro. A mesa oval brilhava sob a luz branca, rodeada por cadeiras estofadas em cinza claro. O ar tinha aquele cheiro de lavanda suave. O telão já exibia o cabeçalho do boletim interno: Expansão da UTI Neonatal — Instituto Bellucci.
Respirei fundo antes de me sentar. Sarah já estava lá, postura ereta, caneta tinteiro entre os dedos, o olhar clínico que parecia atravessar as pessoas. Dois coordenadores ajeitavam pilhas de relatórios; Bianca, claro, estava à esquerda, como se a cadeira tivesse sido reservada para ela por decreto.
Quando entrei, ela lançou um sorriso enviesado, daqueles sorrisos que não chegam aos olhos. O tipo de sorriso que diz: veremos quanto tempo você dura aqui.
Sarah bateu levemente a caneta na mesa, chamando a atenção.
— Vamos começar. — Sua voz era firme, mas sem pressa. — Temos prazos curtos e um público sensível. Quero precisão, clareza e humanidade em cada linha, estamos tratando de vidas.
Apresentei meus pontos com a pasta a