Nervosa não era bem a palavra.
Eu estava… quase fora de mim.
Os dias que eu achei que jamais chegariam, finalmente bateram à porta, pesados, implacáveis, exigindo que eu revivesse tudo aquilo que me tirou o chão um dia. Agora, estava diante do espelho, tentando pentear o cabelo com mãos que insistiam em tremer.
Meu marido estava atrás de mim, encostado na parede, uma mão no bolso da calça, a outra relaxada ao lado do corpo. Ele me observava como se esperasse que, a qualquer segundo, eu pudesse desmoronar ali mesmo.
— Vamos? — perguntou, com a voz baixa, cuidadosa, como se tivesse medo de me tocar com qualquer palavra mais forte.
Respirei fundo, sentindo o ar pesar nos pulmões.
— Vamos, meu amor.
— Vamos passar as instruções novamente — pediu.
Ele ergueu as sobrancelhas, quase sorrindo de canto, porque desde ontem já tínhamos repetido aquelas instruções umas dez vezes. Mas, se aquilo o deixava mais tranquilo, e a mim também, repetiremos quantas vezes fosse preciso.
Balancei a