Margarida passou o dia inteiro no jardim com Emma e Jake. Ela sorria, corria com eles, deixava que a energia das crianças a conduzisse por alguns momentos de leveza… mas eu a conheço bem demais para ser enganado. Por trás daquele sorriso caloroso, havia uma sombra silenciosa, uma preocupação que insistia em ocupar cada fresta da sua mente. Emma já estava toda suja de grama, os cabelos desalinhados de tanto rolar pelo chão, completamente entregue à infância. Quando deu cinco da tarde, ela entrou com as crianças, e eu fui ajudar no banho, tentando ignorar o aperto no peito que aumentava sempre que minha esposa fingia que estava tudo bem.
Mais um mês se passou, e eu sei que os mesmos pensamentos continuam consumindo Margarida. Ela quer respostas. Como discordar? Não posso. Se eu estivesse no lugar dela, faria o mesmo. A verdade é que eu jamais saberei o que significa perder os pais no mesmo dia, nunca senti nem metade da dor que ela carrega desde tão jovem. Mas ela sabe. E justamente po