Capítulo 9
Fiquei em silêncio diante do interrogatório de Daniel. Ele estava de pé ao lado da cama, esperando uma resposta, mas eu apenas encarava o teto.

Então o telefone tocou.

A voz trêmula de Serena veio pela linha:

— Danny, minha mão está doendo tanto…

A expressão de Daniel amoleceu na hora.

— Já estou indo.

Ele desligou, olhou pra mim e disse:

— Pense bem no que você fez.

E, como tantas outras vezes, virou as costas e foi embora me deixando sozinha, outra vez, por causa de Serena. Fiquei no quarto do hospital, mergulhada no silêncio.

Cerca de uma hora depois, a porta se abriu. Serena entrou, a mão direita toda enfaixada, mas com um ar leve e satisfeito.

— Freya, como você está se sentindo? — Perguntou. Ela tinha um falso tom de preocupação.

Virei o rosto em direção a ela, mas não respondi. Ela puxou uma cadeira e sentou ao meu lado, um sorriso doce nos lábios.

— Freya, quero te contar uma história.

— Não quero ouvir.

— Mas a história é sobre você — disse, com um brilho malicioso nos olhos. — É sobre por que o Danny aceitou quando o senhor Seymour pediu que ele te "mantivesse sob controle".

Senti minhas mãos se fecharem em punhos.

Serena começou:

— Danny era meu namorado no ensino médio. Naquela época, éramos muito próximos. Ele cuidava de mim, lembrava de tudo o que eu gostava. Dizia até que se casaria comigo depois da formatura. Mas então aconteceu uma coisa.

Ela fez uma pausa, observando minha reação.

— Uma noite, homens de uma empresa rival o encurralaram. Pra salvá-lo, eu me meti no meio e levei uma facada no lugar dele.

Apontou para o ombro esquerdo.

— Aqui. Quase morri. Desde então, Danny vive com culpa. Jurou que passaria o resto da vida me protegendo, compensando o que aconteceu.

Eu não disse nada, mas meu coração começou a disparar.

— Depois disso, fui pra Norvane me recuperar, e Danny prometeu que se casaria comigo assim que eu voltasse.

Serena se inclinou para frente, agora com a voz envenenada.

— Nós nunca perdemos contato. Eu contei pra ele que minha mãe tinha se casado com o senhor Seymour e que a herdeira da família, você, maltratava minha mãe todos os dias.

Ela sorriu, satisfeita.

— Danny ficou furioso. Disse que faria justiça por ela. Por isso ele se ofereceu para ser o responsável por te manter na linha.

Meu sangue gelou.

— O que você disse?

— Isso mesmo. Você achou que o senhor Seymour o obrigou? Errado. Foi o Danny que pediu.

Ela tirou o celular do bolso.

— E tem mais. Você sabia que era filmada todas as vezes que estava com ele?

— O quê?! — Sussurrei.

— Danny instalou câmeras escondidas no quarto. Gravou tudo, todas as vezes. — O sorriso dela se tornou mais distorcido.

— Ele disse que me entregaria esses vídeos, pra eu usar como arma se você se comportasse mal.

O mundo começou a girar.

Serena se levantou.

— Freya, está chocada? Danny nunca te amou. Ele só estava cumprindo um papel. Agora que acabou, vai se casar comigo.

Ela foi até a porta e, antes de sair, virou-se:

— Ah, e já fiz cópia dos vídeos. Se cruzar meu caminho de novo, eu os coloco na internet.

Assim que saiu, fiquei parada por muito tempo. As palavras dela se repetiam na minha mente, ecoando sem parar.

Daniel tinha se oferecido para "me controlar", por causa de Serena. Tinha gravado todos os nossos momentos íntimos.

De repente, pulei da cama, arranquei o soro do braço e saí correndo do quarto. Uma enfermeira gritou atrás de mim, mas eu ignorei.

Atravessei as portas do hospital, chamei um táxi e disse ao motorista:

— Vá o mais rápido que puder até a Mansão Falkner.

Eu precisava ver com meus próprios olhos se o que Serena dissera era verdade.

Vinte minutos depois, o táxi parou diante dos portões da propriedade.

Usei a chave reserva pra entrar e fui direto pro escritório. Havia uma sala secreta ali. Eu sabia o código.

Digitei a sequência, e a parede deslizou, revelando o que havia por trás , havia vários computadores, uma parede cheia de monitores e equipamentos de gravação.

Sentei-me diante do computador principal e abri os arquivos. Dentro de uma pasta chamada "F", havia uma subpasta criptografada. O nome: "FreyaPrivate".

Minha mão tremia, mas mesmo assim abri.

A tela se encheu de vídeos, todos organizados por data. Desde a primeira noite em que dormimos juntos até a última estava tudo ali. Abri o primeiro arquivo.

A imagem surgiu. Daniel e eu. Nossos corpos entrelaçados. Cada detalhe gravado com nitidez. Até minha voz sussurrando "eu te amo" nos braços dele. Cada fraqueza, cada entrega, cada confiança exposta.

Minhas pernas cederam, e eu caí de joelhos.

Então era verdade. Serena não mentiu. Daniel realmente tinha gravado tudo.

Soltei uma risada amarga. Ria de mim mesma, da ingenuidade com que acreditei nele. E antes que percebesse, lágrimas começaram a escorrer sem parar pelo meu rosto.
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