Capítulo 8
O grito de Serena cortou o ar nos bastidores do leilão. Os funcionários congelaram. Alguns gritaram. Alguém já estava ligando para a ambulância.

Soltei a faca e me levantei. Olhei para Serena, caída no chão, chorando e segurando a mão ensanguentada.

— Eu, Freya Seymour, acerto minhas contas na hora. Lembre-se disso.

Virei-me para sair. Atrás de mim, um tumulto começou. Caminhei em direção à saída, firme, como se nada tivesse acontecido.

Quando cheguei à porta, Daniel apareceu, bloqueando o caminho. Tinha uma coberta no braço e uma garrafa térmica na mão, provavelmente estava voltando com o remédio.

Ao me ver, ficou furioso.

— O que você fez? — gritou.

Olhei para a garrafa na mão dele e sorri, amarga.

— Foi buscar o remédio dela?

A voz dele ficou ainda mais fria.

— Eu perguntei o que você fez.

Encostei os olhos nos dele.

— Ela colocou o colar da minha mãe num cachorro de rua e chamou minha mãe de cadela. Então eu a esfaqueei.

O rosto dele endureceu.

— O que você acabou de dizer?

Apontei para o ponto discreto no ouvido dele.

— Você já sabe de tudo, não é? Seus homens devem ter te contado.

Ele realmente usava um fone discreto. Já sabia o que tinha acontecido. Sua voz era gelada.

— Mesmo que ela tenha feito isso, você não tinha o direito de encostar nela!

Essa frase me destruiu. Olhei pra ele, as lágrimas se acumulando. Então era isso que ele pensava? que eu devia suportar tudo, mesmo as ofensas contra a minha mãe morta.

Minha voz tremeu.

— Daniel, como é que pretende me colocar no meu lugar desta vez?

Por um segundo, ele hesitou ao ver minhas lágrimas, mas logo voltou à frieza habitual.

— Não consigo mais lidar com você — Disse, tirando o celular do bolso.

— Mark, chame a polícia. Quero oficiais aqui no leilão. Freya será presa por agressão intencional e levada à delegacia.

A voz dele era impiedosa. Meu coração já estava em pedaços.

Dez minutos depois, dois policiais entraram.

— Senhora Freya Seymour, a senhora está sendo acusada de agressão intencional. Por favor, venha conosco.

Não resisti. Estendi as mãos e deixei que me algemassem.

Enquanto me levavam, olhei para trás. Daniel segurava Serena, a mão dela já enfaixada. Ele a acalmava com ternura.

— Está tudo bem. Eu estou aqui. Ninguém vai te machucar de novo.

Serena chorava nos braços dele, como uma criatura ferida. E eu era levada como uma criminosa.

Na prisão, um grupo de mulheres veio em minha direção.

— Nova aqui? O que fez pra parar aqui? — Perguntou uma delas, musculosa e coberta de tatuagens.

Fiz uma careta.

— Não é da sua conta.

Ela riu.

— Valente, hein? Sabe como funciona aqui? As novatas pagam pela proteção.

— Não tenho dinheiro.

O sorriso dela desapareceu.

— Sem dinheiro? Então vai pagar de outro jeito.

Aquela noite me jogaram um balde de água gelada. No dia seguinte, encontrei cacos de vidro na comida. No terceiro, começaram as agressões.

Antes de cada surra, a líder dizia a mesma coisa:

— O senhor Falkner mandou ensinar uma lição pra você.

Foi então que percebi — Daniel tinha armado tudo. Ele não queria só me prender. Queria que eu sofresse.

Três dias depois, fui solta. Era meu último dia em Belcaster.

Saí da prisão coberta de hematomas. A luz lá fora era tão forte que mal consegui abrir os olhos. Uma tontura me atingiu ao chegar no portão. O mundo girou e eu desabei.

Acordei em um hospital, outra vez.

Daniel estava ao lado da cama, com as mãos nos bolsos. Sua voz era distante:

— Aprendeu a lição, dessa vez?

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