Camila Becker viu sua vida mudar de forma drástica. Ao sofrer um acidente ela escapa por pouco, porém sua vida fica de cabeça para baixo. Ela acorda com uma lesão cerebral que lhe deixa sequelas e acaba com sua carreira, a forçando a mudar seus planos. Apesar das dificuldades, ela nunca deixou de ser uma pessoa positiva e busca aos poucos recomeçar a vida. Conseguiu um novo emprego e junto com ele, um chefe que faz seu coração bater mais forte. / Mas ela sabe que Mike Reeves é um homem que precisa de uma mulher que esteja à sua altura e não de alguém como ela. E por entender isso, ela o deixa livre, para que seja feliz em seu caminho. Mike Reeves é um homem concentrado em seu trabalho, mas quando contrata Camila, ele sente algo diferente, como uma luz que irradia calor e coisas boas. Mike fica encantado não apenas com sua beleza, mas com seu jeito meigo e único de ser e acaba se apaixonando. O problema é que ele não sabe como mostrar a Camila que ela o fez sentir algo que nunca imaginou. Camila se acha inferior por causa de sua lesão cerebral, mas para Mike ela é a mulher mais perfeita que já conheceu.
Ler maisParte 1...
O céu cinzento mostra que a chuva não vai parar tão cedo. Ao longe um clarão é visto, seguido de um trovão que chega até a incomodar os ouvidos de Mike Reeves, que dirige com cuidado entre as ruas, observando as casas que passam, todas fechadas.
A chuva forte cai na cidade por três dias seguidos e todo mundo procura abrigo em suas casas. O trânsito fica lento e mais perigoso, pedindo mais atenção.
Mike estica a cabeça pelo vidro da janela, olhando a casa de seus pais lá fora, quase sem coragem de sair do carro. Tinha esquecido de pegar um guarda-chuva e um casaco. Agora se arrependia.
Suspirou balançando a cabeça, se maldizendo por ser tão esquecido consigo mesmo. Abriu a porta e assim que seu pé tocou o chão, sentiu um arrepio de frio com o vento forte que soprou para dentro.
Saiu de vez e puxou a gola da camisa para cima, olhando as árvores que balançavam de um lado para outro com a lufada de vento. Se encolheu e deu passos largos na direção da casa. Abriu o portão pequeno de ferro decorado e deu uma corridinha até os degraus.
Pisou no primeiro degrau já com a barra da calça encharcada. Cerrou os dentes e estremeceu. Nessa época do ano Spring Sun ficava a maior parte do tempo debaixo de nuvens cinza, escondendo o sol que ele adorava.
Quando bateu na porta seu rosto estava frio e molhado. O cabelo preto estava empapado e ele tentava aquecer o corpo se movimentando balançando de um lado para outro.
A porta se abriu e sua mãe arregalou os olhos ao vê-lo assim. Depois fez uma cara que ele conhecia há anos. A mesma de quando ele era pequeno e fazia algo errado. De crítica materna.
— Mike... O que é isso, menino?
Ele sorriu. Tinha trinta e um anos e a mãe insistia em chamá-lo de menino. Deu um pulinho e fez um som de frio, se balançando de novo. Ela ficou de lado para ele entrar.
— Meu filho, você está todo molhado - fechou a porta — E porque não entrou logo?
— Esqueci de pegar a chave.
Ele seguiu direto para a cozinha procurando se aquecer, pois sabia que a mãe deveria estar com o fogão aceso. E acertou.
Parou em frente do fogão e tirou a panela de cima, esticando as mãos por cima do fogo para esquentar os dedos finos.
— Meu filho, você vai ficar doente - ela vai até ele e fica ao lado, cruzando os braços — Você não perde a cabeça por estar grudada ao pescoço - disse ironicamente.
Mike sorriu. Sua mãe é daquelas que paparicam os filhos em qualquer época. Mesmo hoje que são todos adultos, ainda assim ela os trata como se fossem pequenos.
Para ele sua mãe continuava tão linda como a via quando era só um menino. Agora seu cabelo era mais curto, ia até os ombros apenas e algumas mechas mais claras começavam a se mostrar. Charlotte Reeves estava agora com cinquenta e sete anos, mas para ele mantinha a juventude de sempre, com seu sorriso largo e seu modo carinhoso de ser.
— Eu estava com fome, mãe - ele justificou.
— Mas poderia ter vestido pelo menos um casaco.
Ela andou até a lavanderia, ao lado da cozinha e voltou com uma toalha rosa felpuda.
— Aqui, se enxugue - esticou a toalha — Está limpa e cheirosa.
Ele pegou a toalha e esfregou no rosto, sentindo o cheirinho bom do amaciante de rosas que ela mais gostava de usar. Depois passou no cabelo, diminuindo um pouco o frio que chegara em seu corpo.
Charlotte recolocou a panela em cima do fogo e abriu o armário, pegando os pratos para arrumar a mesa. Mike sentiu o cheiro bom da comida caseira de sua mãe, que sempre o fazia comer mais do que queria.
— Você está muito magro, Mike. Não tem comida na sua casa?
Ele deu uma risadinha. Lá vinha ela de novo. Na verdade até tinha, mas ele ficava tão concentrado em outras coisas que muitas vezes acabava esquecendo mesmo de preparar algo para comer.
— Não sou magro, mãe. Esse sempre foi o meu corpo.
— Vá tirar essa camisa molhada antes que pegue um resfriado - abanou a mão — Humpf... Onde já se viu... Um homem adulto que esquece de comer - arrumou os talheres ao lado do prato.
— Onde está o pai?
— Hum - ela torceu a boca em reprovação — Deve estar quase chegando. Teimoso como ele - balançou a cabeça — Dois dias reclamando de dores nas costas e sai com esse tempo.
— Mas onde foi?
— Até o rancho, ajudar com algo que quebrou - abanou o pano de cozinha para o alto — Não sei o que é, nem perguntei. Sair com esse tempo. Vocês nunca me ouvem.
Mike sorri. A mãe continua a querer que seu velho pai fique parado em casa, como se isso fosse possível.
Aldo Reeves era um homem alto, magro, de sessenta e dois anos, mas que tinha energia de um rapaz de sua idade. Era difícil que ficasse parado muito tempo em casa. Mesmo aposentado, ele continuava muito ativo.
— Vai, vai logo - abanava com força o pano — Pegue algo para vestir e deixe que essa roupa seque enquanto comemos.
Mike sai da cozinha e vai para seu antigo quarto, que dividia com os irmãos quando ainda moravam na casa dos pais. Parecia que eles ainda faziam parte da casa, embora já estivessem todos morando em suas próprias casas há um bom tempo.
Mas isso não era novidade para ele. Abriu o grande e velho guarda-roupas, agora amarelado pelo tempo. Ainda havia ali muita coisa que era dele e de seus irmãos. Charlotte fazia questão que deixassem algo, já que sempre estavam por lá vez ou outra.
Agora foi providencial isso. Trocou de roupa e se livrou do frio, pegando um velho casaco que estava pendurado. Aproveitou e usou o secador de cabelo no banheiro da mãe. Quando desceu de volta ela estava terminando.
Era engraçado como gostava de estar ali naquela cozinha. Uma reforma havia sido feita há alguns anos e já não era mais a mesma cozinha que ele crescera, mas ainda mantinha o mesmo calor humano de antes, quando ele e o resto da família ficavam conversando sem parar em volta da mesa grande.
Parte 3...Ian ia crescendo entre eles e a família, que estava sempre presente. Ficou muito parecido com Mike no típico físico e com Camila em seu jeito de ser. Uma parte de cada um.Com quatro anos de idade, ele estava brincando com os tios, jogando bola no jardim do fundo quando Mike saiu de dentro de casa, tentando segurar o choro.Derek e Mitchel correram para acudir o irmão. Infelizmente Camila tinha ido descansar após o almoço e ele não conseguia acordá-la. Entrou em desespero achando que a mulher havia morrido.A equipe médica que já cuidava dela esperava para levá-la para a sala de exames e saber em que condições ela se encontrava. Mike ficou do lado de fora, andando como um louco pelo corredor, esperando notícias.E depois de dois dias outro milagre aconteceu. Camila voltou do coma e abriu os olhos. A primeira coisa que ela perguntou foi onde estava Mike e Ian.Os dois entraram. Mike colocou Ian em cima da cama e ele deitou ao lado da mãe, a beijando. Mike não queria chorar p
Parte 2...No decorrer dos dias como marido e mulher, os dois começaram a ter uma dimensão exata da responsabilidade de ter alguém ao seu lado e de responsável por uma boa vida, apesar de todas as dificuldades que podem surgir durante os dias.Os dois foram chegando à compreensão das coisas mais simples, como as principais para se ter momentos de felicidade e que mesmo assim, ela não dura para sempre. Existem momentos em que coisas ruins também acontecem com pessoas boas e que isso não deve ser motivo de desistir, mas de continuar com mais força.A felicidade mesmo não reside no dinheiro, mas ele faz parte também. O mais importante é ter saúde e mente aberta para entender, aceitar e mudar seu destino, ainda que o caminho seja árduo. E se tiver alguém ao seu lado, isso pode ajudar a diminuir a pressão do dia e do problema.Estar cercado por gente que entende, respeita, aceita e participa de sua vida, andando ao lado e não querendo ser mais que o outro.Focar no agora, pois o dia de am
Parte 1...Depois de dois dias de depoimentos, Isaías e Eliza acabaram confessando que fizeram tudo apenas para prejudicar a clínica e também a Mike. Cada um tinha seu motivo.Isaías por achar que não era valorizado e recebia pouco, ainda que todos tivessem bons salários no emprego e apenas ele fosse o único a reclamar de tal coisa. Começou a desviar os medicamentos e vender nas ruas e em bocas de fumo, junto também com outras drogas.Quando Eliza demonstrou estar com raiva e querer fazer algo contra a clínica, ele se aproveitou e conseguiu convencê-la a retirar mais medicamentos e drogas novas usadas nas cirurgias para fazer dinheiro e ainda lhe deu a dica de enfiar tudo no carro de Mike, mas como ela não aceitou, pois queria prejudicar mais a Camila, ele lhe disse que escondesse tudo no armário dela e depois ele mesmo ligou denunciando que haviam drogas escondidas e sendo vendidas dentro do local.Quase todos os funcionários foram chamados para depor e ninguém tinha nada a dizer con
Parte 2...— Pense... Se você cometer e-essa loucura de se casar co-comigo, como v-vai ser, no futuro?— Como qualquer outro casal - ele deu de ombros — Nós vamos ter dias bons e dias ruins. Dias que eu vou querer apertar seu pescoço e dias que você vai querer arrancar minha cabeça.Ela começou a rir.— Um dia você vai estar mal, em crise - entrelaçou os dedos aos dela — E aí eu vou colocar você no meu colo e te dar toda atenção e carinho que merece - beijou sua mão — E no dia em que eu estiver me sentindo pra baixo, você vai me abraçar e dizer que está tudo bem. Vai ser assim.— S-sabe que não é, Mike - puxou o ar fundo de novo e apontou para o quarto — Olha onde eu estou agora.— E daí? - fez uma cara divertida — Minha casa é grande, posso mandar fazer um quarto especial para você e assim não terá que voltar ao hospital se não quiser.— Mike...Ela queria e muito casar com ele, mas depois do que tinha acontecido, ficou pensando que seria um fardo em sua vida.— E se por acaso um dia
Parte 1...Apesar de estar preocupado, Mike ficou mais tranquilo ao chegar ao hospital e ver que até seus irmãos estavam lá e que já sabiam de tudo sobre Camila.Seus pais contaram a eles os últimos acontecimentos e foi bom mesmo, porque a presença deles só lhe dava mais ânimo. Os dois já conheciam Camila de antes do acidente.— O único lento aqui é você, irmão - Diana disse rindo — Ela já ia lá na nossa casa junto com a tia. Você que tinha a cabeça nas nuvens.— Nem sei como pode ser tão bom veterinário - Mitchel brincou com ele — Até me espantei quando a mãe ligou. Ainda demorou para cair na real. Ela é muito legal mesmo. Já conversei com a Camila algumas vezes, antes de me mudar.— E agora, o que vai fazer? - Diana perguntou baixinho.Eles estavam do lado de fora do quarto, no corredor. Henrieta e seus pais se juntaram a eles. O médico veio logo em seguida.— Infelizmente, depois desse susto, o melhor é que Camila fique afastada do trabalho - ele disse olhando para Mike — Foi muito
Parte 3...Ela apertou os lábios e se afastou um pouco, pensativa. Mike ficou com receio de que ela desistisse de falar sobre o assunto e não teria como provar que Camila nada tinha feito.— Se pelo menos eu soubesse a verdade, isso me ajudaria mais a oferecer uma proposta justa para ela se afastar da clínica... E de mim.Ele completou devagar de propósito, querendo que Eliza pensasse que ele estaria disposto a se ver livre de Camila de vez. Eliza caminhou um pouco pela sala, claramente pensando no que dizer e depois soltou um suspiro fundo e parou ao lado dele.— Poderia me perdoar por ter feito algo errado sem pensar, apenas levada por um ódio súbito?— Claro, todos nós cometemos erros. O importante é admitir o erro e não repetir.— Bem... Eu... Eu peguei as drogas no gabinete e coloquei no armário de Camila.Ele tentou não mudar a expressão para que ela não visse que estava apenas querendo a verdade para provar à polícia. Continuou segurando a emoção e lhe deu corda para falar, sab
Último capítulo