Prólogo Continua

Parte 3...

Ele coçou a cabeça começando a entender.

— Ela ainda é jovem, mas passa muito tempo entre pessoas velhas e precisa de um bom emprego estável - pegou a mão dele — É uma moça muito calma e carinhosa, que tem muito jeito com animais. Seria ideal para sua clínica.

— Não preciso de ninguém na clínica, mamãe.

— Isso não é verdade - lhe apontou o dedo — Semanas atrás você disse que estava ficando até tarde no trabalho para organizar tudo porque estava sozinho.

— E qual seria o problema dessa garota, mãe?

Charlotte olhou para o marido e pediu que explicasse.

— O acidente causou lesões no encéfalo - Aldo começou a explicar — Os médicos a deixaram em coma por algum tempo, como medida de ajuda, mas ninguém sabia com certeza se daria certo - bateu os dedos devagar na mesa — E quando ela saiu do coma, estava com muitos problemas motores e na fala, devido as lesões cerebrais.

Mike apertou os lábios, mexendo a cabeça assentindo.

— Mãe, a senhora sabe que sou sócio do Derek na clínica e investimos muito lá. Eu não posso fazer esse tipo de coisa - balançou as mãos — Somos uma clínica veterinária especializada, não um local de caridade.

— Não será caridade, Mike. Apenas uma ajuda mútua.Vocês precisam de alguém para dar atenção aos animais e Camila é excelente com gatos e cachorros, eu mesma já vi.

— Hoje em dia você nem percebe que ela tem algum problema se não prestar atenção, filho - Aldo completou — Eu mesmo só fui notar depois que sua mãe me disse. Ela fez um tratamento e melhorou muito.

— Tá, mas lesão cerebral é sério.

— Claro que é, mas ela não é retardada, se é isso o que está pensando - fechou o semblante — É bastante inteligente e capaz, só que as pessoas aqui são preconceituosas e não dão chance à menina.

Ele olhou para o pai que assentia com a cabeça.

— Não estou te pedindo um favor, Mike - olhou para ele como fazia quando era criança — Estou mandando que faça um teste com a Camila. Ela não é retardada, pode fazer muitas coisas. Eu confio em você e no seu discernimento como profissional.

— Faça um teste com ela, filho - o pai deu de ombro — Não tem nada a perder. Se ela não for capaz de fazer o serviço você a dispensa e pronto.

Ele olhou de um para outro. Sabia que a mãe já tinha convencido o pai antes mesmo de lhe contar. Era sempre assim desde que era pequeno e sabia bem que quando ela se decidia por algo tinha que ser feito.

Ele suspirou fundo. Realmente precisavam de mais gente trabalhando na clínica para aliviar a carga com os animais que ficavam internados e muitas vezes sofriam com a separação de seus donos.

— Faça um teste, filho meu - Charlotte disse suave — Vai ser bom para ela, pelo menos tentar. E se você achar que ela serve, vai ser bom para vocês também. O que me diz? - o olhou com esperança.

Ele pensou no que poderia fazer para ajudar. As tarefas da clínica não eram nada atraentes. Limpar a bagunça dos animais, lavar o cocô e xixi, jogar o lixo cirúrgico fora e outras coisas do tipo não chamavam a atenção de garotas. Não haveria nada mais sério do que isso para fazer.

— Mãe, sou sócio do Derek, tenho que falar com ele sobre isso.

— Ótimo - bateu em sua perna duas vezes — Diga que foi coisa minha e se quiser saber de algo é só me ligar que eu explico tudo. Até parece que ele vai me negar algo.

— Eu gostaria de ver isso - Aldo riu alto.

Ele riu balançando a cabeça veemente. A mãe não tinha jeito. Mas tinha que concordar com ela que apenas um teste não faria mal algum. E se a garota fosse boa, poderia aliviar um pouco o serviço deles.

Não a mandaria fazer grandes serviços. Tinha muito cuidado com seus pacientes e errar não era algo que ele gostava. Derek e ele tiveram muito tempo planejando e se preparando para abrir essa clínica.

— Ok, mãe. Mande a garota aparecer lá no meu escritório amanhã à tarde, depois das quatro. Vou deixar avisado com a Cíntia que ela vai aparecer.

Depois disso a mãe os liberou para comer e mudou o assunto. O pai tinha algumas novidades para contar e estava animado com a presença de Mike na casa, pois teria uma opinião masculina para ajudar em seu novo projeto.

Apesar de cada um ter seu canto, era na casa dos pais que eles gostavam de se reunir para fofocar sobre o que acontecia em suas vidas e até na vida dos outros de vez em quando, por conta de tudo o que a mãe ouvia das amigas.

Eles eram uma família unida e isso sempre foi algo que ele desejou para si também. Ter sua própria família unida.

Yanne K.

Autora de histórias românticas.

O livro é completo. Espero contar com sua companhia nesta caminhada.

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