Narrado por Violeta
O corpo sempre fala antes da boca.
E o meu já vinha sussurrando segredos que eu ainda não tinha coragem de dizer em voz alta.
Primeiro foi o enjoo, discreto, nas manhãs. Achei que fosse cansaço. Depois, aquele sono interminável que me fazia adormecer nos braços de Apolo antes mesmo de ele terminar de falar. Achei que fosse paz. Mas então… veio o atraso. A ausência que só uma mulher entende como presença.
Demorei três dias para encarar. Três dias andando pela casa, tocando a barriga como quem toca uma porta fechada. Três dias escondendo o sorriso e disfarçando as lágrimas. Até que comprei o teste, sozinha, numa farmácia anônima. Voltei andando pela praia, com o coração batendo como se fosse trair alguém.
E ali, no banheiro da nossa casa em Valência, com o barulho das ondas ao fundo, duas linhas vermelhas me contaram a verdade que eu já sabia.
Estou grávida.
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Sentei no chão frio, com o teste ainda na mão.
Por alguns minutos, chorei em silêncio. Não de medo, mas de