Narrado por Enzo
Desde que descobri que Léa estava jogando pros dois lados, trabalhando para Alonso e se aproximando do Zeus como quem se aproxima de uma presa distraída, eu sabia que a corda ia estourar cedo ou tarde. A diferença é que eu achei que teria mais tempo.
Pelas últimas semanas, venho usando meus contatos espalhados pela Espanha pra vigiar discretamente todos os movimentos dela. Não era um monitoramento intenso como a gente faria com um alvo principal, mas o suficiente pra perceber qualquer passo em falso. E hoje, antes mesmo do sol nascer, o alerta veio.
Acordei com a vibração curta do celular em cima da mesa de cabeceira. Olhei pro visor, ainda com a visão turva, e vi a mensagem de um dos meus informantes. Abri o vídeo que ele mandou e, na hora, fiquei com aquele gosto amargo na boca.
Nas imagens da câmera de segurança da rodoviária de Madri, lá estava ela. Cabelo preso, capuz preto cobrindo parte do rosto, óculos escuros exageradamente grandes para um dia nublado, e uma