Narrado por Zeus Marino
Ares entrou no meu escritório com a compostura de sempre: um passo firme, a pasta fechada, sem teatro. Não precisava de apresentação. Eu já havia visto o envelope sob o selo do Don — a caligrafia que corta a sorte. Quando ele pousou o papel sobre a mesa, o som do lacre sendo rompido foi mais alto que qualquer palavra.
— É deles, — disse Ares. — Entregaram. Querem retirada voluntária em 48 horas. Em seguida, medidas econômicas.
Li rápido. A linguagem era formal, cortante: retirada de Léa e do menino do convívio público na propriedade Marino; oferta de “moradia neutra e proteção” até o assunto ser resolvido; prazo de quarenta e oito horas; e, claro, a cláusula óbvia nas entrelinhas: “na ausência de acordo, medidas comerciais e políticas serão adotadas”.
Joguei a folha na mesa, encostando os dedos nas letras como se elas pudessem queimar papel em vez de abrir guerra.
— Eles gostam de formalidade, — falei. — Gostam de prazos que soem como ultimatos.
Ares permaneceu