Narrado por Ares Marino
O som do disparo foi mais alto do que qualquer grito.
Puxei Isabella para baixo no mesmo segundo em que o vidro da recepção estilhaçou. A mesa tombou junto, o vestido dela rasgou no canto, e o gosto metálico da ameaça invadiu minha boca como se fosse sangue. Ela caiu sobre mim com os olhos arregalados, e naquele momento eu soube:
Era o Viktor.
A multidão entrou em pânico. Gente correndo, tropeçando, gritando pelos filhos, pelas mães, por Deus. Mas o inferno não responde chamado.
— Fica comigo! — murmurei no ouvido dela, enquanto a envolvia com o corpo.
— Foi um tiro? — ela perguntou, sem piscar.
— Não foi um susto. Foi uma maldita tentativa de execução.
Ela não tremeu. Não chorou. Só apertou minha mão com força, como se dissesse: “Se for morrer, vai ser comigo.”
Levantei meio corpo, dei um sinal para dois dos meus homens e puxei Isabella por trás das cortinas da lateral. Havia uma porta de serviço nos fundos, rota de fuga traçada semanas atrás. Por precaução. P