Narrado por Viktor Barinov

Casamento.

Essa palavra me soa como deboche. Como um insulto envernizado.

Ares vai se casar com Isabella. O mesmo Ares que destruiu meu bunker em Viena, que executou três dos meus homens com tiros na cabeça, que derrubou meus contratos no leste europeu como se fossem peças de um tabuleiro qualquer. E agora ele desfila com um anel na mão, uma mulher no braço e uma criança no colo. Como se o mundo fosse dele.

O mundo não é dele. Nunca foi.

Estou na minha fortaleza, um bunker escondido nos subsolos da fronteira russa, onde o concreto tem mais história de morte que qualquer igreja. Na minha frente, sete monitores exibem imagens diferentes: drones, satélites, câmeras interceptadas. No centro, o vídeo ao vivo da propriedade que ele escolheu para a cerimônia: uma igreja reformada nos campos da Toscana. Isolada. Bonita. Protegida.

Mas ninguém é intocável.

A porta se abre. Nikolai entra. Ele sabe que eu já vi as imagens, mas ainda assim confirma.

Nikolai: A confirmaç