Narrado por Donna Francesca
Nunca fui mulher de luxo. Sempre fui de terra, de fogão aceso com lenha, de missa aos domingos e café com pão velho e azeite. Quando recebi a carta dizendo que eu seria homenageada por criar duas meninas como filhas, confesso que me emocionei.
Não sou boba. Sei que ninguém olha pra uma velha como eu. Então aquele envelope foi como um carinho de Deus. Um sinal de que, talvez, minha existência não tenha sido tão esquecida assim.
Cheguei a Roma com o vestido azul que guardei para ocasiões especiais. O mesmo que usei quando Leandra casou. E, mesmo que Isabella não tivesse vindo, senti como se ela estivesse comigo de alguma forma.
No hotel, fui recebida com sorrisos. Homens gentis, educados demais, com ternos que não combinavam com a simplicidade do evento. Um deles me chamou de "donna Francesca" com uma pronúncia perfeita, mas sem calor.
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