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Nas mãos do Mafioso
Nas mãos do Mafioso
Por: M Souza
Capítulo 1 – A Última Ilusão

Narrado por Isabella

Eu acreditava em finais felizes.

Por mais clichê que pareça, eu realmente achava que o amor era suficiente. Que quando duas pessoas se amavam de verdade, elas conseguiam superar tudo.

Tolos são aqueles que acreditam em contos de fadas...

Tolos como eu.

Me chamo Isabella. Tenho vinte e dois anos e me casei aos dezoito com o homem que achei ser o amor da minha vida: Marcos.

Larguei tudo na Itália por ele. Minha cidade natal, minha família, meu idioma, minha cultura... vim para um país estranho com uma mala cheia de sonhos e um anel de noivado que pesava como promessa.

E, por um tempo, ele realmente foi tudo que eu precisava. Carinhoso, atencioso, protetor.

Eu era a mulher mais feliz do mundo.

Até que tudo começou a desmoronar.

No início, foram pequenas mudanças.

Os beijos demoravam a vir. As palavras doces se tornaram mais raras.

Depois, as noites em claro. Os olhares perdidos.

E, finalmente... a verdade.

Marcos tinha perdido tudo.

Tudo.

Jogos ilegais. Apostas. Dívidas que só aumentavam.

Ele tentou esconder de mim, claro. Fingiu por meses que o dinheiro ainda existia, que os cartões ainda funcionavam, que os nossos jantares ainda eram bancados pelo salário dele.

Mas não eram.

E quando a verdade veio, ela caiu como uma guilhotina.

Começamos a vender as coisas da casa. Primeiro os supérfluos. Depois os móveis. Depois as roupas.

Quando dei por mim, nossa sala estava vazia. Nosso quarto só tinha um colchão no chão.

E mesmo assim, ele ainda apostava. Ainda tentava "recuperar o que perdeu".

Mas só afundava mais.

A casa virou um campo de batalha.

Eu gritava. Ele quebrava coisas.

Às vezes, me empurrava com raiva.

Uma vez, quase me bateu.

Quase.

Eu ainda amava aquele homem.

Ou talvez amasse o que ele foi um dia.

Não sei mais.

Só sei que fui ficando em silêncio.

Morrendo por dentro.

E então, dois dias atrás, ele sumiu.

Sem aviso. Sem explicação.

Levou o carro, levou o último dinheiro que tínhamos na conta conjunta e desapareceu.

Eu pensei que tivesse fugido. Pensei que finalmente tinha desistido de mim, de nós.

Passei a noite chorando, desesperada.

Mas ele voltou.

E não estava sozinho.

Três homens vieram com ele. Homens grandes. Fortes. Com tatuagens pelo pescoço e olhos frios.

Eu sabia, no instante em que bati os olhos neles, que algo estava errado.

Muito errado.

— Se veste. — Marcos disse, como se aquilo fosse um pedido comum.

Eu pisquei, confusa. Estava na cozinha, lavando o que sobrou da louça. Me virei para ele, franzindo a testa.

— Como é?

— Vai pro quarto. Coloca alguma coisa bonita.

— Bonita... pra quê?

Ele passou a mão pelo rosto, irritado. Estava suado, nervoso. Os olhos vermelhos denunciavam que não dormia há dias.

— Isabella... só obedece. Tá bom?

— Você sumiu por dois dias, Marcos! E agora volta com esses homens e quer que eu me vista? Me explica o que tá acontecendo!

Um dos homens riu. O mais tatuado, com olhos claros e sorriso cínico.

— Tá nervosinha. As boazinhas sempre ficam quando descobrem que vão ser vendidas.

Meu coração parou.

Eu me calei. Por alguns segundos, não consegui sequer respirar.

— Como é? — minha voz saiu baixa, tremendo.

— Você ouviu. — Marcos respondeu. — Eu não tenho escolha. A dívida ficou grande demais. Eles deram uma solução.

— Uma solução?!

Ele se aproximou, sem me encarar nos olhos.

— Você vale mais que qualquer carro. Que qualquer bem que eu tinha. Disseram que vão fazer um leilão... e que você vai resolver tudo.

— Você tá me entregando?! — minha voz agora era um grito. — Marcos, você tá vendendo a sua própria esposa?!

— Eu não tenho mais saída, porra! — ele gritou de volta. — Você acha que eu quero isso? Acha que eu gosto? Você não entende... eles vão me matar!

— Então morre! — cuspi. — Mas não me arrasta com você pro inferno!

Os homens avançaram. Me agarraram pelos braços. Gritei. Chutei. Mordi.

Mas eram fortes demais.

— MARCOS! — berrei. — Me ajuda! Por tudo que a gente viveu! Você me amava!

Ele virou o rosto.

Covarde.

E assim, fui arrastada para fora da casa.

Chovia.

O céu parecia compartilhar da minha dor.

Me jogaram dentro de um carro preto, os vidros escuros escondendo o mundo lá fora.

Minha cabeça rodava.

Meu corpo tremia.

O silêncio dentro do carro era sufocante.

Nenhum deles falava.

Apenas trocavam olhares.

E eu, ali, entre eles, com um vestido qualquer no corpo, sabendo que estava indo para um lugar onde seria tratada como mercadoria.

A essa altura, eu não sabia o que me doía mais: a traição, o medo ou a certeza de que minha vida nunca mais seria minha.

Me levaram para um prédio imenso, escondido em algum canto da cidade.

Era tudo escuro. Frio.

Os corredores pareciam saídos de um filme de terror.

Me jogaram numa sala com espelhos.

Tinha uma cadeira, um espelho imenso e um vestido vermelho pendurado.

— Vista isso.

— Eu não vou vestir nada.

— Se não vestir, a gente veste pra você.

Engoli o choro.

Vesti o maldito vestido.

Vermelho sangue. Justo. Curto.

Me olhei no espelho e não reconheci meu reflexo.

— Está pronta. — um deles disse, abrindo a porta. — O leilão vai começar.

Fui guiada por corredores intermináveis até uma sala cheia de homens de terno.

Luzes. Sorrisos frios. Copos de uísque nas mãos.

Como se estivessem num evento comum.

Como se eu fosse um carro de luxo sendo leiloado.

— Senhoras e senhores — uma voz soou no microfone. — A próxima... é especial. Jovem, italiana, linda... e intacta.

Senti o rosto queimar.

Cada palavra era uma facada.

— Começamos em cinquenta mil dólares.

As mãos começaram a subir.

Setenta mil. Noventa. Cento e vinte.

Meu coração batia como um tambor de guerra.

Tentei fugir. Fui contida.

Duzentos mil.

Trezentos.

Quatrocentos.

— Quinhentos mil.

A voz veio grave. Segura.

E o salão silenciou.

Todos se viraram.

Inclusive eu.

E então eu o vi.

Na penumbra, sentado no fundo da sala, um homem alto, de terno preto, barba cerrada e olhos tão escuros quanto a própria noite.

Ele não sorria.

Não bebia.

Não parecia interessado.

Mas tinha acabado de me comprar.

— Vendida. — o apresentador declarou. — Para Ares Marino.

Senti as pernas cederem.

O nome me era familiar.

Ares Marino.

Um dos três irmãos do inferno.

O líder da máfia italiana.

Um homem com sangue nas mãos e crueldade nos olhos.

Ele se levantou, devagar.

Caminhou até mim como um predador que se aproxima da presa.

Parou a poucos centímetros.

Me encarou.

E, pela primeira vez, falou:

Ares: A partir de agora... você é minha.

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