Narrado por Léa
Eu não pretendia escutar nada.
Mas como ignorar vozes que ecoavam pelo corredor como trovões?
Já fazia um tempo que eu estava no quarto com Luc, embalando-o devagar, quando ouvi os passos pesados de Ares. Eles não precisavam de apresentação: eram diferentes dos de Zeus. Ares tinha um andar que parecia carregar paredes junto com ele, um peso que o próprio chão reconhecia. Segurei Luc um pouco mais perto de mim, o coração acelerado, como se já soubesse que aquela visita não traria paz.
Deitei o bebê no berço, com cuidado para não acordá-lo, e me aproximei da porta entreaberta. O salão ficava logo em frente, e dali as vozes chegavam nítidas, como se eu estivesse no meio da conversa.
— Eles querem adiantar o casamento. — Ares disse, seco, sem rodeios.
Segurei a maçaneta com força. O ar pareceu sumir dos meus pulmões. Besa. Era dela que ele falava. A noiva oficial.
Por alguns segundos, silêncio. Então a voz de Zeus, baixa, grave, firme como ferro:
— Claro que querem. Querem