Annabelle
A madrugada mal começara quando Annabelle acordou com um sobressalto. Seu coração batia acelerado, como se algo invisível a tivesse puxado do sono. Sentou-se na cama e levou a mão ao ventre — a menina se mexia com força, como se respondesse ao perigo que ela ainda não via.
Do lado de fora, a floresta estava silenciosa demais. Não havia grilos, corujas, nem o sussurro do vento entre as folhas. Era como se a noite estivesse prendendo a respiração.
Annabelle levantou-se devagar, os pés descalços tocando o assoalho frio. Foi até o quarto dos gêmeos. Os dois meninos dormiam juntos, abraçados como quando eram pequenos. Mesmo com dez anos, ainda buscavam um ao outro quando sentiam medo. E Annabelle sabia — mesmo dormindo, eles sentiam. Os instintos herdados de Andreas não podiam ser ignorados.
Andreas entrou no quarto sem fazer barulho, já em forma humana, os olhos ardendo em tensão. Os pelos de seu peito ainda estavam úmidos da transformação recente.
— Precisamos ir — sussurrou.