Yara seguia à beira do rio, os pés descalços afundando na fria lama.
As sombras sussurravam, persistentes.
Não mais dentro dela — não como antes —, mas em volta, como amantes rejeitados que se recusam a partir. As gotas de água sagrada, mesmo que parcialmente, haviam queimado a infestação, mas não a memória dela.
Era isso que doía.
A lembrança das trevas entrando nela, preenchendo cada espaço vazio, cada brecha, cada curva de seu corpo que agora parecia traí-la...
— Tu ainda és nossa — as vozes murmuravam, escorrendo por sua espinha como dedos gelados. — De Naaldlooyee. Sempre serás.
E o pior?
Parte dela ansiava por isso.
A excitação e a dor se misturavam como veneno e mel, fazendo seu fôlego falhar. Seus dedos apertaram as finas folhas de sua improvisada tanga, os nós dos dedos brancos de tensão.
O rio à sua frente refletava apenas escuridão.
Como seu coração.
A aurora não ousava nascer.
O céu estava entupido de nuvens vermelhas — grossas, pesadas, como se o firmamento estivesse enso