Wallace Thane
Nelson, CA
Os olhos dela eram como um lago congelado — belos, profundos, perigosos. Um azul tão claro que parecia capaz de refletir tudo o que eu tentava esconder. E, ainda assim, havia algo quente ali. Vivo. Indomável. Mesmo que ela própria parecesse não ter consciência disso.
Ela cheirava a lavanda e canela. Uma combinação impossível de ignorar. Doce e intensa, calma e tempestade. Era o cheiro mais perturbador que já havia sentido em dois séculos de existência. E toda vez que o aroma me alcançava, havia algo misturado a ele: nervosismo.
Ela ficava nervosa perto de mim.
A simples constatação disso fez meu lobo se agitar sob a minha pele.
Será que eu a deixava nervosa?
Quando ela falou, sua voz saiu baixa, mas firme o suficiente para não soar frágil.
— Eu… bom… se o senhor ainda estiver procurando uma babá… e se ainda tiver interesse no meu trabalho… — ela respirou fundo, como quem mergulha em águas profundas — eu tenho interesse na vaga.
Foi como se o tempo tivesse dado