Madson GrangerNelson, CAAcordei com a luz da manhã escorrendo por entre a cortina de estrelas, colorindo o quarto em sombras roxas. Acordar numa casa onde alguém se preocupa com pequenos detalhes, cortinas, velas, um edredom que parece um abraço, tem um efeito quase milagroso: o corpo desmaia menos e a cabeça, por algum tempo, cala.Desci as escadas, depois de trocar de roupa, havia colocado uma calça quente, um moletom largo e um cachecol lilás, arrumei minha franja e soltei os cabelos, que formaram algumas ondas. A cozinha estava aquecida pelo cheiro de pão com alecrim e por um café forte que me puxou pelo braço como uma promessa. Agnes já mexia as panelas como se cada movimento fosse um canto de incenso: lento, certeiro, ritualístico. Havia algo naquela mulher que tornava o cotidiano parecido com magia sem que ela precisasse falar uma palavra.— Bom dia, dorminhoca — ela disse quando me viu, sorrindo com os olhos. — Dormiu bem?— Como nunca — respondi, ainda com a voz grossa do s
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