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Eliyahu Prokhorov, 22 anos.
Esta é só mais uma cidade que devo ajudar a recuperar. Mike está à frente da operação, e eu apenas tenho que segui-lo e aprender com ele o máximo que puder. Também há a faculdade e o estágio. Minha vida não é propriamente fácil, como se espera. Enquanto minha irmã está no Irã curtindo as férias paradisíacas, eu estou aqui comendo o pão que o diabo amassou. Ser filho do Parkan, fazer faculdade, ir ao estágio e ainda desempenhar meu papel na Bratva não é fácil. — Esses foram os últimos. — Mike diz, olhando para os corpos mortos estendidos na calçada. A maioria morreu por projéteis, poucos a facadas. Outros foram mortos por explosões de bombas. Estamos saindo de uma guerra, não há tempo para tortura ou demonstração de superioridade. A tática é recuperar as cidades de forma eficaz e rápida. — Com isso, fica o trabalho mais pesado. — Mike continua. — Erguer a cidade. — completo. Olho ao redor, sem saber por onde começar. A cidade de Tula está em ruínas, envolta em uma atmosfera apocalíptica. As construções, predominantemente arranha-céus, estão gravemente danificadas, com paredes quebradas, seções ausentes e estruturas colapsadas. Há escombros e detritos que enfatizam a destruição. O céu está escuro e nublado, contribuindo para a sensação sombria do ambiente. Uma devastação urbana, sem a presença de pessoas ou objetos além das ruínas. Durante um mês, enviamos caminhões para recolher os destroços e levar para reciclagem o que podia ser reaproveitado. Não é como se eu tivesse muito a fazer além de fiscalizar o trabalho e realizar os pagamentos. Um trabalho chato. Por isso voltamos para Moscou. Para minha alegria, Nery voltou. Brigamos bastante porque ela queria a atenção de Mike para coisas triviais, e eu, em contrapartida, precisava dele para coisas úteis. De vez em quando, volto para a cidade de Tula para ver como anda o processo de recolha dos destroços. Essa cidade é grande, então esse processo vai demorar. Depois de fiscalizar o trabalho, volto para Moscou. Três meses depois, a cidade de Tula revelou-se ao estilo medieval, durante noites chuvosas, com ruas estreitas de paralelepípedos. As cores predominantes são escuras e sombrias, com tons de azul profundo, cinza e verde, criando uma atmosfera melancólica. A iluminação é baixa e suave, proveniente de lanternas ao longo da rua e das janelas dos edifícios, que emitem uma luz amarelada. Os edifícios são antigos e estão próximos uns dos outros, apresentando uma arquitetura típica medieval, com telhados pontudos e detalhes góticos. O céu está nublado e escuro, sugerindo um clima tempestuoso. Algumas pessoas começaram a voltar para habitar Tula depois que souberam que a cidade estava sendo protegida pela Bratva e que não havia mais riscos de ataque estrangeiro. Atualmente, as pessoas confiam mais na Bratva do que no próprio governo. Entre as pessoas andando pelas ruas estreitas, vejo uma criança — uma menina negra, jovem, com longas e espessas tranças box braids. Ela veste uma jaqueta de couro preta e uma camiseta branca por baixo, além de calças jeans. Sua expressão é séria e seu olhar, direto. Está sentada na calçada, abraçando os próprios pés. Sem perceber, caminho em sua direção. — Ei. — Ela eleva o olhar para me encarar. — Está perdida? — Não. — O que está fazendo fora a essa hora, com essa temperatura baixa? Ela respira fundo, soltando o ar quente para fora. — Esperando... — Esperando o quê? — Os homens saírem de casa. Minha mãe disse que não devo ficar em casa enquanto eles estiverem. Então, devo ficar do lado de fora. Acho que a mãe dela é uma prostituta. — Então, quer ficar comigo enquanto espera sua mãe terminar? Ela arqueia a sobrancelha seriamente e quase me lembra a mim mesmo na infância. — Você é um traficante de menores? — Não sou. — Tecnicamente, não sou traficante de menores, então não estou mentindo. — Assim que tua mãe terminar, te devolvo para casa. Enquanto isso, pode ficar na minha, que é quente e aconchegante. — OK. Ela se levanta e sacode suas calças. Estico minha mão, e ela segura. O edifício onde estou hospedado está a vinte minutos de caminhada daqui, então acho que ela vai aguentar. — Então, como você se chama? — Darina. — Diz, olhando para frente. — Então, Darina, quantos anos tem? — Farei doze em duas semanas. — Oh... Já pensou no que vai querer de presente de aniversário? — Ela não me responde. Fica algum tempo em silêncio. Bem diferente da minha irmã ou dos meus primos, que já estariam pedindo a lua. — Eu não quero nada. Não preciso de nada. Pessoas que não precisam de nada não sofrem. Ela é muito séria para uma criança de onze anos. — Suas tranças são bonitas. Quem te fez? — Minha mãe. Ela é quem cuida de todos os meus penteados. — Ela inclina a cabeça e me encara. — Qual é o seu nome, moço? — Eliyahu. Mas pode me chamar de Eli, se for difícil. — Eliyahu. — Ela pronunciou corretamente, me surpreendendo. O resto do caminho fizemos em silêncio, até chegarmos ao edifício onde estou hospedado com Mike e alguns primos. Assim que abro a porta, vejo Mike na cozinha, provavelmente preparando o jantar. Já que, entre nós, ele é o único que cozinha bem. É bom em tudo. — Eli, e essa criança? — Patrick diz, aparecendo com uma toalha. — Pensei que havia saído para reconhecimento, não para adotar uma criança! — Zack diz, sentado no sofá, jogando cartas com Luke, que me encara e espera uma resposta minha. Luke e Zack são gêmeos. Patrick é irmão deles e o mais novo. Eles são filhos do meu tio Lunet. — Eli. — Mike chama a minha atenção. — Eu achei. — Respondo para ele, que me olha seriamente. — Estava sentada na calçada. Então, peguei emprestado. — Não se pegam emprestado crianças, Eli. E os pais da menina? Devem estar preocupados. — Mike me repreende. — Ela estava na calçada, apanhando frio. Fiquei com pena. Darina, que horas sua mãe termina de trabalhar? — Quando a lua ficar no topo. — Olho para Mike, presunçoso. — Como eu poderia deixar uma criança sozinha até a meia-noite numa cidade escura e perigosa? — Oh. Ele tem um ponto! — Luke diz. — Xeque-mate. Próxima rodada.






