A noite caiu com o peso de um céu sem estrelas. Lion mal percebia a cidade que passava pela janela do carro, os dedos cerrados sobre o volante, o maxilar travado. Seu coração batia em um ritmo irregular, como se cada batida lutasse para não sucumbir à dor.
O hospital era silencioso, frio, iluminado apenas pelas luzes esparsas dos corredores. O cheiro de desinfetante e medo grudava em sua garganta. Lion passou direto pela recepção, onde já sabiam quem ele era. O segurança apenas assentiu e o deixou entrar.
Subiu de elevador até o andar da UTI. Cada andar parecia um fardo a mais em seus ombros.
Quando a porta automática se abriu, ele foi recebido por um som agudo e contínuo: o bip constante dos monitores. Enfermeiras andavam apressadas, mas havia um ar de respeito e preocupação ao redor do quarto 403. Ali estava ela.
Ana.
Deitada, pálida, o rosto machucado, os fios de cabelo espalhados sobre o travesseiro branco. Havia tubos, curativos, e aquele som terrível dos aparelhos monitorando se