O Teatro dos Ventos era uma construção antiga, reformada para respirar arte em todos os cantos.
Fachada de pedras, janelas de vitral, um pátio interno com luzes suspensas e uma fonte no centro — como se o tempo ali fosse mais leve, mais generoso.
Allegra chegou antes do pôr do sol, com as obras cuidadosamente embaladas e os dedos trêmulos de ansiedade boa.
Esperanza a recebeu com um abraço forte e um sorriso de artista que sabia o que era se desnudar diante do mundo.
— Sua parede está te esperando.
O espaço onde os quadros seriam expostos era pequeno, mas cheio de alma.
Um corredor curvo com iluminação difusa e frases soltas coladas entre as obras.
Allegra desembrulhou a primeira tela.
A mulher mergulhando.
A pele azul, os cabelos em movimento, o corpo inteiro como símbolo de quem se entrega.
A segunda obra foi pendurada ao lado.
A mulher dançando sozinha, sem cenário, sem roupa, sem desculpa.
Era corpo em presença.
Corpo que pulsa.
Quando terminaram a montagem, Esperanza se virou par