Capítulo 75

O Teatro dos Ventos era uma construção antiga, reformada para respirar arte em todos os cantos.

Fachada de pedras, janelas de vitral, um pátio interno com luzes suspensas e uma fonte no centro — como se o tempo ali fosse mais leve, mais generoso.

Allegra chegou antes do pôr do sol, com as obras cuidadosamente embaladas e os dedos trêmulos de ansiedade boa.

Esperanza a recebeu com um abraço forte e um sorriso de artista que sabia o que era se desnudar diante do mundo.

— Sua parede está te esperando.

O espaço onde os quadros seriam expostos era pequeno, mas cheio de alma.

Um corredor curvo com iluminação difusa e frases soltas coladas entre as obras.

Allegra desembrulhou a primeira tela.

A mulher mergulhando.

A pele azul, os cabelos em movimento, o corpo inteiro como símbolo de quem se entrega.

A segunda obra foi pendurada ao lado.

A mulher dançando sozinha, sem cenário, sem roupa, sem desculpa.

Era corpo em presença.

Corpo que pulsa.

Quando terminaram a montagem, Esperanza se virou par
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