O domingo amanheceu cinza em Lyon.
Mas dentro do teatro, o sol ainda parecia brilhar.
Allegra caminhava descalça entre os rastros da noite anterior: fios de luz ainda pendurados, alguns papéis esquecidos nos bancos, pedaços de tecido bordado que Nour deixara de propósito.
“Deixe algo seu onde a arte passou.”
Estava escrito num deles.
Ela sorriu, encostando-se à pilastra central.
Se fechasse os olhos, ainda podia ouvir o som da última nota.
O silêncio que veio depois.
E o aplauso que parecia ecoar no peito.
Lucca apareceu com duas xícaras de café.
— A Camille tá lá fora com a equipe.
Eles querem registrar as obras antes de desmontar tudo.
— A gente realmente viveu isso, né? — ela disse, pegando a xícara. — Não foi sonho?
— Se foi, foi o melhor que já tivemos.
E com registro oficial.
Laila foi a primeira a se despedir.
Abraçou Allegra forte, com olhos marejados.
— Obrigada por ter me dado palco quando eu ainda me escondia atrás da tela.
— Você nunca mais vai se esconder.
Teu trabalho gr