A última semana em Paris passou como um filme acelerado.
O apartamento virou um campo de guerra de malas abertas, pincéis secando, papéis de rascunho, partituras, bloquinhos com anotações soltas e muita, muita empolgação.
Sophia andava com o celular na mão como se fosse empresária de uma dupla pop internacional.
— Confirmaram o carro até o aeroporto. A editora de Londres mandou o cronograma da residência. Ah, e o senhor Bernard, da padaria da esquina, deixou um pão de alecrim como despedida oficial.
— A gente vai passar seis semanas fora, não dez anos — brincou Allegra, rindo.
— E mesmo assim, vocês vão deixar um buraco afetivo, artístico e aromático nesse bairro. Louis e eu vamos chorar com estilo.
Louis, estirado em cima da mala de Allegra, lançou um olhar de julgamento passivo-agressivo.
Ela se abaixou e sussurrou:
— Eu volto logo, chefe. Cuida da casa, da Sophia e dos meus pincéis.
Na noite anterior à viagem, Allegra e Lucca decidiram não sair.
Ficaram no ateliê com luzes baixas,