Na noite da apresentação, o Théâtre de l’Orangerie parecia outro.
As luzes baixas, os quadros iluminados com delicadeza, as sombras das obras se projetando nas paredes centenárias como fantasmas poéticos.
O público começava a entrar.
Alguns sentavam em silêncio, outros sussurravam entre si, encantados com a montagem circular.
Ao centro, bancos de madeira cobertos com almofadas de linho.
Nenhuma cadeira de frente para o palco — porque o palco era o todo.
E a plateia, parte da experiência.
Atrás das cortinas, Allegra respirava fundo.
Vestia um macacão cinza-azulado, simples, com pinceladas de tinta propositalmente espalhadas.
Cabelos soltos. Olhar firme.
Lucca ajustava a última corda do violino, mais calado do que de costume.
Mas nos olhos dele, o mesmo brilho de sempre: o de quem acredita sem medo.
— Pronta? — ele perguntou, tocando suavemente sua mão.
— Pronta, sim — ela respondeu.
— Mas com o coração completamente exposto.
— Exatamente como deve ser.
A primeira parte começou com silê