A mesa do ateliê estava coberta de pequenos papéis com ideias, anotações e rabiscos. Em cada canto, uma palavra:
“Transição.”
“Pertencimento.”
“Ritmo.”
E no centro, o caderno com o selo da galeria de Barcelona. Era oficial. O convite agora era mais do que uma promessa: era um contrato assinado, uma viagem marcada, uma sala expositiva inteira esperando por Allegra Bianchi.
— E se eu pintar algo completamente diferente? — perguntei, mordendo a tampa de uma caneta. — Se eles não gostarem?
— Então vão entender que arte é isso mesmo: mutação com tinta — respondeu Sophia, sentada no tapete, com Louis dormindo no colo como um rei preguiçoso.
— Você já viu alguém crescer tão rápido quanto eu tô tentando crescer agora?
— Já. Plantas. Mas você tá indo além: você tá florescendo com barulho de violino.
Ri.
— Obrigada por sempre estar aqui.
— Eu só tô colhendo a beleza de ter te visto renascer, Bianchi.
Parei por um segundo, observando as telas secando perto da janela. Uma delas ainda sem título,