O sol apareceu tímido pela janela do quarto, filtrado por cortinas floridas que dançavam ao menor sopro de vento. Era o segundo dia no vilarejo, e o tempo parecia desacelerar como se tivesse se rendido à nossa presença.
Acordei com o cheiro de café. E pão torrado.
Levantei devagar, os pés descalços no chão de madeira, e segui o aroma até a cozinha.
Lucca estava de costas, de avental (emprestado da casa, com estampas de limões sicilianos) e uma colher de pau na mão.
— Bom dia — murmurei, apoiada no batente da porta.
Ele se virou com aquele sorriso pequeno e sincero.
— Bom dia. Fiz café, ovos mexidos com ervas e... algo que talvez seja pão com queijo. Ou arte moderna, dependendo do ponto de vista.
— Você cozinha?
— Quando a fome é maior que o medo de errar, sim.
Rimos juntos. Me sentei à mesa e observei os movimentos dele — leves, precisos, como se tocasse uma melodia mesmo com as mãos ocupadas de outro jeito.
— Isso tudo veio com você? — perguntei, olhando os ingredientes espalhados.
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