Capítulo 29

Na manhã do quarto dia, o sol nasceu preguiçoso, esgueirando-se pelas janelas do ateliê como se quisesse ver de perto o que estávamos criando.

Acordei antes do despertador interno que a luz costuma acionar. Caminhei até a cozinha ainda descalça, puxando o suéter grosso sobre a camisola fina. A chaleira chiava devagar quando ouvi o som do violino vindo do lado de fora da casa.

Fui até a varanda, e lá estava ele.

Lucca.

Tocando sozinho no jardim, os olhos fechados, os cabelos desordenados pela brisa da manhã. A melodia era nova, mas familiar. Como se tivesse sido feita daquilo que a gente nunca consegue dizer em voz alta.

Encostei no batente da porta e fiquei apenas ouvindo.

Quando ele abriu os olhos, me viu — e não parou de tocar. Apenas sorriu com os olhos.

A música dizia mais.

Ela dizia tudo.

Depois do café, passamos o dia como nos outros: pincéis, notas, pausas, respirações longas. Mas havia algo diferente naquele dia.

Como se o tempo estivesse mais macio.

Como se nossos olhares se
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App