Na manhã do quarto dia, o sol nasceu preguiçoso, esgueirando-se pelas janelas do ateliê como se quisesse ver de perto o que estávamos criando.
Acordei antes do despertador interno que a luz costuma acionar. Caminhei até a cozinha ainda descalça, puxando o suéter grosso sobre a camisola fina. A chaleira chiava devagar quando ouvi o som do violino vindo do lado de fora da casa.
Fui até a varanda, e lá estava ele.
Lucca.
Tocando sozinho no jardim, os olhos fechados, os cabelos desordenados pela brisa da manhã. A melodia era nova, mas familiar. Como se tivesse sido feita daquilo que a gente nunca consegue dizer em voz alta.
Encostei no batente da porta e fiquei apenas ouvindo.
Quando ele abriu os olhos, me viu — e não parou de tocar. Apenas sorriu com os olhos.
A música dizia mais.
Ela dizia tudo.
Depois do café, passamos o dia como nos outros: pincéis, notas, pausas, respirações longas. Mas havia algo diferente naquele dia.
Como se o tempo estivesse mais macio.
Como se nossos olhares se