Eu estava limpando os pincéis com calma quando ouvi a porta da frente bater.
Louis deu um miado sonolento, espreguiçando-se sobre o tapete surrado do ateliê. O sol atravessava a pequena janela inclinada do quartinho, deixando a poeira dançar no ar como se o tempo estivesse em câmera lenta.
— Allegraaaaaaaa! — a voz de Sophia ecoou pelo corredor com entusiasmo suspeito.
Sorri, ainda sem sair do lugar.
— O que você aprontou agora?
Ela surgiu no batente com o rosto iluminado e um envelope branco nas mãos.
— Não eu. Você. — sacudiu o envelope. — Chegou a sua hora, minha artista preferida.
— Do que você está falando?
— De uma exposição. Pequena, tá? Nada intimidador. Mas com visibilidade. E compradores. E vinho, claro. Vinho francês. — Ela já estava quase pulando. — Eu juro que não estou exagerando. Eles viram Vidas Rascunhadas na Galeria Montclair e... bom, talvez eu tenha dito que você estava trabalhando em novas obras.
Arregalei os olhos, tirando o pano de tinta das mãos.
— Sophia.
— O