A ideia surgiu numa tarde chuvosa, quando Paris parecia suspensa entre o silêncio e o som de pingos na calha.
Sophia revirava caixas antigas no armário do corredor em busca de um caderno de anotações de um curso de escrita que ela jurava ter feito em 2019. E eu... bem, eu só estava ali, sentada no chão com Louis no colo, observando a poeira dançar na luz amarela da luminária.
— Você já viu aquele quartinho no fim do corredor? — ela perguntou, de repente.
— Que quartinho?
— Atrás da porta estreita, do lado do banheiro. Sempre achei que era só um depósito meio amaldiçoado... mas acho que pode ser alguma coisa.
Me levantei, intrigada.
A tal porta estava ali, discreta, com um trinco antigo e a tinta um pouco descascada. Abri com cuidado e fui recebida por um rangido preguiçoso e o cheiro denso de madeira antiga e papel velho.
A luz da janela pequena entrava por uma greta, desenhando um feixe claro no ar.
Era um cômodo pequeno, quase triangular, como um sótão embutido no coração do apartam