Na manhã seguinte, fui despertada por uma luz quente invadindo o quarto e pelo som familiar de Sophia cantarolando algo em francês — provavelmente errado — enquanto mexia em potes na cozinha.
Estiquei os braços, sentindo o corpo ainda leve da noite anterior. O encontro com Lucca permanecia em mim como um perfume discreto: não invadia, mas voltava em ondas inesperadas.
Louis, o gato, se espreguiçava preguiçosamente aos pés da cama, como se dissesse:
“Hoje é um bom dia para começar de novo.”
E talvez fosse.
Na cozinha, encontrei Sophia de avental, com farinha no rosto e uma bandeja de muffins meio tortos, mas incrivelmente cheirosos.
— Bom dia, minha artista famosa — disse ela, erguendo uma sobrancelha. — Dormiu bem ou passou a noite sonhando com violinistas misteriosos?
— Talvez os dois — respondi, sorrindo enquanto pegava uma caneca de café.
Ela me observou com olhos atentos, como quem enxerga além das palavras.
— Tem algo diferente em você. Tá com aquele brilho no olhar de quem tá pr