Era madrugada quando deixei a mansão Morelli, envolta na neblina da mentira.
Dante dormia. Ou fingia dormir.
O corpo ao lado do meu, quente. A respiração calma demais para ser verdadeira.
Mas ele não me impediu.
Eu vesti preto. Cabelos presos.
Nada de anéis, saltos ou perfumes.
Apenas o instinto de que, naquela noite, algo ia mudar de verdade.
—
O ponto de encontro era um mirante antigo no alto de Roma.
Luzes baixas, uma cruz de pedra e o som de passos ecoando contra a calçada molhada.
Vittoria já estava lá.
— Pensei que fosse me fazer esperar — disse ela, com um cigarro entre os dedos.
— Não sou mulher de atrasos.
— Nem de recuos, pelo que ouvi dizer.
— E o que ouviu?
— Que Dante Morelli está finalmente amando de novo.
Sorri.
Frio. Curto.
— E por isso querem a minha cabeça.
— Exatamente.
—
Ela jogou um pen drive sobre o parapeito de pedra.
— Nomes. Valores. Provas.
Tudo que Giulia está negociando com os Volkov.
Territórios, armas, arquivos... até rotas dos Morelli no leste europeu.
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