Lucia acordou com o som da chuva.
As gotas batiam no vidro como se quisessem lembrar: ainda existe mundo lá fora.
Serena dormia ao seu lado, o cabelo espalhado no travesseiro, os lábios entreabertos num suspiro leve.
A guerra tinha acabado.
Mas o medo… demorava a sair.
Lucia se levantou devagar. Vestiu um robe e foi até a varanda.
A cidade ainda estava molhada de silêncio.
Ela respirou fundo.
Estava viva.
—
A nova casa ficava no alto de uma colina em Florença. Pequena, acolhedora, com jardins que floresciam mesmo sem cuidados.
Serena escolheu o lugar.
Lucia não discutiu. Pela primeira vez, deixou que alguém a conduzisse sem precisar se proteger.
Ali, não havia seguranças.
Não havia câmeras.
Apenas vizinhos distantes, gatos preguiçosos e o som de violinos no ar.
—
Na primeira semana, Lucia pintou uma parede inteira com tons de vinho.
Na segunda, plantou hortelã com as próprias mãos.
Na terceira, escreveu um poema num guardanapo e colocou na carteira de Serena sem dizer nada.
Serena o e