O corpo de Domenico havia sido cremado.
Sem honras. Sem cerimônias. Sem aplausos.
Lucia Mancini observava as cinzas caírem no rio, de cima da ponte de pedra em Montenegro.
Não havia lágrimas.
Nem alívio.
Ao seu lado, Serena. Silenciosa, atenta.
Adriana e Matteo haviam retornado a Roma.
Mas Lucia quis ficar. Precisava entender por que ainda doía.
— Pensando no que ele foi? — perguntou Serena, a voz baixa.
Lucia balançou a cabeça.
— Pensando no que eu precisei ser pra vencê-lo.
—
Naquela noite, voltaram para a casa de campo.
Lucia tomou banho demoradamente.
Olhou-se no espelho, nua, com as cicatrizes visíveis como medalhas e maldições.
A mais recente estava no coração.
Serena a esperava no quarto.
Não disse nada. Apenas abriu os braços.
Lucia se deitou sobre o peito dela, como uma criança cansada da guerra.
— Eu o matei.
— Não — disse Serena. — Ele se matou.
Você só mostrou a verdade.
Ele escolheu o fim.
Lucia fechou os olhos.
— E mesmo assim, parece que foi com minhas mãos.
Serena acar