O soro pingava devagar no braço de Lucia.
A bala não atingira nada vital, mas a dor era constante, como se o corpo inteiro estivesse lembrando que viver tem preço.
Ao lado da cama, Serena não saía.
Sentada, de olhos inchados, segurava os dedos frios de Lucia como quem segura o fio da própria sanidade.
— Precisa descansar — disse Adriana, entrando devagar.
Serena não respondeu.
— Ela está viva. É o que importa.
— Ela só está viva porque eu cheguei tarde demais — sussurrou Serena.
Adriana encostou na parede.
— Às vezes, amor é chegar atrasada…
mas não ir embora nunca mais.
—
No santuário interno da Casa, a Viúva caminhava entre as relíquias dos Mancini.
Cartas, quadros, armas de outra era.
Parou diante de um retrato de Elena.
Loira, os olhos cortantes como navalha.
— Você queria proteger a verdade, Elena…
mas esqueceu que a verdade, uma hora, quer respirar.
Ela tocou a moldura.
— E ela tá respirando, viu? Tá queimando.
—
Duas noites depois, Lucia estava de pé.
Não firme. Mas decidida.
A