A manhã amanheceu cinza em Palermo.
O céu pesado parecia anunciar mais do que chuva.
Serena estava na biblioteca da mansão, lendo os antigos cadernos de Giulia.
Anotações rabiscadas.
Instruções cifradas.
E uma frase repetida três vezes:
“Não confie no que sangra com você.”
Ela fechou o caderno, sentindo o peso daquelas palavras.
Desde que Miguel fora exposto como traidor, o clã inteiro parecia andar em silêncio — respeitoso, mas desconfiado.
— Estão esperando que eu quebre — ela murmurou.
— Ou que você seja a próxima a ser traída — disse Dante, entrando na sala.
— Eu não tenho medo disso.
Ele se aproximou.
— Então por que está dormindo com a faca na mesa de cabeceira?
Ela sorriu. De canto.
— Porque não sou tola.
—
Mais tarde, no jardim dos fundos, Lucia observava as árvores.
Os pés descalços na grama.
As mãos segurando um livro de poemas italianos.
Adriana a vigiava de longe, com o disfarce de acompanhante — mas atenta como um soldado.
Lucia parecia mais tranquila.
Mas havia algo em s