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Mil Beijos De Vingança
Mil Beijos De Vingança
Por: Schana Fockink
Capítulo 1 – O Beijo que Nunca Foi Meu

As portas da igreja se abriram como se o próprio inferno tivesse escancarado sua entrada.

E lá estava ele.

Alto. Imóvel. Esculpido em mármore negro e pecado.

Dante Morelli.

O homem que matou meu irmão.

O homem com quem eu estava prestes a me casar.

Segurei o buquê com tanta força que meus dedos formigaram. Cada passo em direção à ele era um tapa em tudo o que eu acreditava. Um golpe na memória de Luca.

Mas não havia saída. Não quando meu pai preferiu a paz entre famílias à justiça por sangue.

Caminhei até o altar sob os olhares de duas famílias que se odiavam, disfarçando suas armas sob ternos bem cortados. Ali não havia amor. Só estratégia.

E no centro disso tudo, Dante — o Don dos Morelli — me encarava com um olhar tão frio quanto as pedras da Catedral de Palermo.

Quando cheguei à sua frente, ele não estendeu a mão.

Apenas ergueu o queixo, como quem avalia uma mercadoria.

E eu? Sorri. Doce como veneno.

— Achei que o carrasco vestiria preto — murmurei entre os dentes.

— E eu achei que a noiva viria de luto — ele respondeu, sem tirar os olhos dos meus.

A cerimônia foi rápida. Fria.

Promessas vazias ditas entre dentes. Uma aliança deslizada sem emoção.

Quando o padre disse “pode beijar a noiva”, Dante se inclinou.

Meu corpo enrijeceu.

— Não ouse — sibilei.

Ele parou a centímetros dos meus lábios.

— Não se preocupe. Esse beijo não é seu.

Ele virou o rosto e depositou um beijo no canto da minha boca. Um gesto simbólico. Frio. E cruel.

A guerra silenciosa havia começado.

A mansão Morelli era um túmulo de luxo.

Do lado de fora, câmeras escondidas e homens armados.

Do lado de dentro, silêncio. Mármore. E a sensação de que qualquer palavra errada poderia ser sua última.

— Seu quarto é no final do corredor. À direita. — A voz dele soou baixa, sem emoção, enquanto tirava o relógio e largava sobre a mesa de cristal.

— Separados? Que cavalheiro — comentei, girando o anel no dedo.

Dante me encarou.

— O casamento é real no papel. Só.

— Então posso receber visitas? — sorri, cínica.

Ele caminhou até mim, devagar. Cada passo era uma ameaça muda.

Quando parou a poucos centímetros, o ar pareceu rarefeito.

— A última pessoa que tentou me provocar está enterrada sob o vinhedo de Roma — disse, a voz baixa como uma sentença.

Não desviei o olhar.

Ele queria medo. Eu oferecia desprezo.

— Ótimo. Espero que o vinho de vocês seja adubado com arrependimentos.

Ele soltou um leve sorriso. O primeiro da noite. Mas não havia humor nele.

— Boa noite, esposa.

E desapareceu corredor adentro.

As primeiras noites foram marcadas por silêncio e passos distantes.

Eu o via apenas nas reuniões da família, quando seu olhar era letal e sua voz, lei.

Dante Morelli era uma sombra com terno caro.

Mas às vezes — quando achava que ninguém via — eu o pegava me observando.

Como se não entendesse como eu ainda respirava perto dele.

Na quinta noite, fui convocada ao salão.

Uma ceia de paz entre Morellis e De Santis.

Uma ilusão de harmonia encenada entre vinhos caros e pratos de porcelana.

— E como está se adaptando à vida de Morelli? — perguntou Lorenzo, primo de Dante, com um sorriso entalhado na cara.

— Maravilhosamente. Já aprendi até onde escondem os corpos.

Risadas desconfortáveis. Taças erguidas.

Dante não riu.

Mas ergueu a taça em minha direção.

— Pela esposa mais afiada da Sicília.

Que continue cortando… até encontrar a lâmina certa.

Naquela noite, bati à porta do escritório.

Não sei por quê. Talvez por raiva. Ou pelo incômodo constante de que algo em mim queimava, e ele era a faísca.

— O que foi agora? — ele perguntou sem levantar os olhos do laptop.

— Queria saber… por que eu?

Das dezenas de filhas de mafiosos, por que escolher logo a irmã do homem que você mandou matar?

Ele fechou o notebook. Levantou-se devagar.

— Porque nenhuma delas teria coragem de me perguntar isso.

Me aproximei.

— E acha isso admirável?

Ele parou diante de mim. Tão perto que meu perfume se misturou ao dele.

— Acho... perigoso.

— Vai me matar também?

— Não — sussurrou. — Matar você seria fácil demais.

A tensão era insuportável.

O ar parecia vibrar entre nós.

E por um segundo, juro por Deus, vi hesitação nos olhos dele.

Mas Dante Morelli não hesitava.

Ele se afastou, pegou um cigarro no bolso, acendeu com um isqueiro dourado.

— O que fazemos, Serena… não é amor.

É sobrevivência.

— E você? Sobrevive ou se esconde?

Ele me olhou como se quisesse despir meus ossos com os olhos.

Depois tragou devagar.

— Boa noite, Signora Morelli.

E foi ali que percebi:

Talvez eu tivesse entrado nessa guerra achando que era forte o suficiente para enfrentá-lo.

Mas ninguém sai ileso de mil beijos de vingança.

Principalmente… quando começa a desejar o próximo.

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