A estufa era um mundo à parte. O ar, quente e úmido, carregava o perfume pesado e doce de flores exóticas e terra molhada. A luz do fim de tarde filtrada pelos vidros sujos pintava tudo em tons dourados e poeirentos. Era um refúgio silencioso onde o tempo parecia ter parado.
Tia Meris estava de costas para mim, vestindo um avental amarelo sobre suas roupas escuras impecáveis. Seus movimentos eram precisos, quase cirúrgicos, enquanto podava meticulosamente uma roseira carregada de rosas brancas. Parei na entrada, relutante em invadir aquele momento de paz. Mas ela deve ter me sentido chegar, ou simplesmente sabia, como sempre sabia. — Essas aqui são as minhas favoritas — disse ela, sem se virar, sua voz um contralto suave que se misturava ao zumbido dos insetos na estufa. — Brancas. Puras. E as mais difíceis de cultivar. Qualquer desequilíbrio na terra, na água, no sol… e elas murcham. São arrogantes assim. Ela finalmente se