O quarto estava mergulhado em penumbra, apenas os LEDs piscando das máquinas quebravam a escuridão com um brilho azulado. O zumbido baixo dos equipamentos — lembrança constante do coma que me aprisionara ali por tanto tempo — parecia zombar do silêncio da noite. Eu rolava de um lado para o outro, incapaz de dormir. Cada vez que fechava os olhos, via o olhar de Silas atravessando a minha mente como uma lâmina.
Desisti. Estendi a mão para a mochila escondida debaixo da cama. O couro frio encontrou meus dedos, e quando puxei o objeto para fora, senti o peso dele, mais emocional que físico. O diário de Elysa. O mesmo que eu havia encontrado na câmara subterrânea, entre registros de ladrões lendários e confissões de sangue. Passei os dedos sobre a capa infantil, coberta de adesivos brilhantes já desbotados pelo tempo. Corações, flores, gatos. Inocência preservada à força. Respirei fundo antes de abrir. As letras desajeitadas dançavam