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Valéria Narrando
Fiquei um instante rígida, os braços cruzados sobre o corpo, tentando não transparecer nada, mas logo percebi que não havia como negar o que via: Matheus me observava com uma intensidade que queimava a pele. Era um olhar que misturava ciúmes, possessividade e algo que eu ainda não conseguia definir. Respirei fundo e relaxei, permitindo-me sentir a adrenalina subir sem me preocupar com Eduardo ao meu lado. Ele, por sua vez, parou de falar. Seus olhos seguiram os meus, curiosos, e então, silenciosos, perceberam que aquele momento não era para ser interrompido.
— Então… é aqui que nos despedimos? — perguntei, tentando quebrar o gelo.
— Sim. Por enquanto. — respondeu Eduardo, com uma nota de hesitação.
Trocamos um breve sorriso forçado e nos despedimos com um aceno. Senti uma pontada estranha de liberdade quando me afastei, caminhando devagar até Matheus, que permanecia ao lado do carro, sério, quase imóvel.
Ele abriu a porta com firmeza antes mesmo que