Otávio Narrando.
Às vezes, quando eu acordo e vejo a Olívia dormindo ao meu lado o cabelo bagunçado, a mão repousando sobre a barriga já grande eu me pergunto se tudo isso é mesmo real.
Eu tenho a mulher que eu amo.
E vou ser pai. De dois meninos.
Dois pequenos que já mudaram tudo em mim mesmo sem terem nascido ainda.
É estranho como a vida vira de cabeça pra baixo e, de repente, faz sentido. Como se todas as dores que a gente passou tivessem servido pra empurrar a gente até aqui. Até esse exato momento de paz.
Acordei cedo, beijei a testa da Olívia ainda sonolenta e fiz a promessa silenciosa que venho repetindo todos os dias: “Vou cuidar de vocês. Sempre.”
Era pra ser só um dia normal na empresa.
Mas a verdade é que eu não conseguia ficar longe. A cada hora, lá estava eu no celular:
— Amor, já tomou café?
— E agora, comeu direitinho?
— Bebeu água? Você precisa se hidratar, amor.
Ela só ria do outro lado, com aquela voz suave:
— Otávio... você tá pior que minha mãe.
—