Acordei com o coração acelerado. Meus olhos se abriram devagar, e a luz suave que entrava pela fresta da cortina me lembrou que ainda era manhã. Por um segundo, meu corpo parecia leve, quase flutuando, até que a memória da noite anterior veio como uma avalanche: o toque de Leonardo, os beijos desesperados, a entrega... e depois, o pavor.
Não era Henry.
O gosto da culpa ainda estava preso à minha garganta. Me enrosquei nos lençóis de cetim como se pudesse me esconder de mim mesma. Leonardo dormia ao meu lado, com o peito nu e largo se movendo suavemente ao ritmo da respiração. O mesmo peito onde eu já havia repousado tantas noites, antes de descobrir que meu coração podia bater por outro homem.
A tontura das bebidas ainda martelava meu corpo, mas agora não havia mais desculpa. Eu tinha cruzado uma linha.
Levantei-me com cuidado, tentando não acordá-lo. Caminhei até o banheiro com os passos trêmulos de quem pisa sobre cacos de vidro. Quando me olhei no espelho, vi uma mulher despenteada