Marina Salles
Quando a porta da casa de Dante se abriu, eu achei que tinha entrado num filme. Ou num delírio caro patrocinado por alguma marca de champanhe que eu nunca vou poder comprar.
Apesar de já ter vindo aqui, não tive a oportunidade de apreciar o espetáculo que era essa casa.
O hall de entrada era mais imponente do que muitos hotéis cinco estrelas em que só passei pela recepção. O pé-direito era tão alto que ecoava o som dos meus próprios passos — um salto inseguro sobre o mármore claro, frio, polido, luxuoso demais pra ser só piso. Era quase uma obra de arte. Acima de mim, um lustre de cristal pendia como uma constelação congelada no tempo, pingando elegância. Claramente Baccarat. Claramente caríssimo.
As paredes eram revestidas com boiseries brancas e discretas, clássicas, com molduras que davam o toque tradicional de uma mansão antiga, mas renovada por dentro. O perfume do ambiente era amadeirado e envolvente, como se alguém tivesse borrifado riqueza no ar.
— Vem — foi tud