Fátima Maria Martinelli
A verdade é que eu nunca acreditei muito em coincidências. Sempre fui do tipo que achava que tudo na vida tinha um motivo, um propósito escondido entre as dobras do tempo. Mas quando entrei naquele quarto de hospital carregando uma sacola com frutas e um bolo de cenoura, pronta para alegrar meu neto doente, e dei de cara com Lorenzo Martinelli… bem, ali eu precisei repensar minha descrença.
Meu coração quase parou quando vi aquele homem diante de mim. Alto, elegante, o terno impecável, o olhar surpreso. Era ele. O homem com quem eu estava saindo nas últimas semanas. O mesmo que me fez rir com piadas bobas durante um jantar à luz de velas. O mesmo que segurou minha mão na saída do bar como se fosse a coisa mais natural do mundo. E agora… o avô do meu neto. O pai de Enzo.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, a voz mais alta do que eu pretendia.
Ele deu um passo para trás, visivelmente surpreso.
— Eu que deveria perguntar isso.
A confusão pairou no ar como