Ana Luiza Martinelli
As paredes daquele consultório pareciam mais frias do que da última vez. Talvez fosse o ar-condicionado, talvez fosse a tensão no ar. Ou talvez fosse apenas o medo, aquele medo silencioso que me acompanhava desde o dia em que ouvi a palavra "linfoma" sair da boca do doutor Paulo.
Duas semanas haviam se passado. Duas semanas de exames, de noites mal dormidas, de esperança e desespero se alternando como uma gangorra. Enzo e eu tentamos manter o semblante firme diante do Nando, mas era difícil. Era como dançar na beira de um precipício, tentando sorrir enquanto o chão ameaçava ruir a cada passo.
O consultório estava silencioso, exceto pelo som do ar gelado e pelo estalo sutil da caneta do doutor, que tamborilava contra a mesa. Ele não estava com pressa. Parecia pesar cada palavra antes de dizê-la, como se soubesse que qualquer frase errada podia desmontar o que restava da nossa esperança.
Enzo estava ao meu lado, as mãos entrelaçadas e os olhos fixos no médico. Eu t