O som frio do ar-condicionado do hospital se misturava ao leve apito dos monitores. Aquele ambiente asséptico, com suas paredes brancas e cortinas pálidas, me causava um nó na garganta desde o momento em que pisamos ali com um diagnóstico nas costas e a coragem no bolso. Nando estava prestes a começar a quimioterapia.
Eu observava meu filho sentado na poltrona reclinável, seu corpo pequeno envolto por uma manta azul-marinho que ele mesmo escolhera no caminho para a sala. Ele segurava com força seu boneco do Homem-Aranha. As enfermeiras passavam de um lado para o outro com paciência e cuidado, ajustando os soros, conferindo etiquetas e sorrindo sempre que o olhavam. Ainda assim, eu sabia o quanto aquele momento era amedrontador.
— Mamãe? — ele me chamou com a voz baixa, quase sussurrando.
Me abaixei ao lado da poltrona e acariciei seus cabelos, ainda cheios, mas eu sabia que logo eles começariam a cair.
— Diga, meu amor.
Seus olhos castanhos brilharam com um misto de inocência e receio