Seis anos atrás, Ana Luísa teve seu coração destroçado por Enzo, o homem que ela amava e que a traiu. Determinada a nunca mais depender de ninguém, ela se tornou uma executiva de sucesso e ascendeu ao cargo de diretora em uma grande empresa. Mas seu mundo vira de cabeça para baixo quando descobre que a empresa foi vendida… e o novo CEO é ninguém menos que Enzo. Agora, entre reuniões explosivas, olhares intensos e segredos do passado que insistem em vir à tona, AnaLu terá que decidir se resiste ao homem que a magoou ou se entrega ao desejo que nunca morreu? Um romance quente, repleto de tensão, paixão e reencontros que vão fazer seu coração acelerar!
Ler mais(Anos Atrás)
Ana Luiza Martinelli
A chuva castigava a cidade naquela noite, mas nada poderia se comparar à tempestade dentro de mim. O barulho das gotas contra o vidro da sala ecoava, abafando o som dos meus próprios pensamentos, mas não era o suficiente para silenciar a dor que se espalhava pelo meu peito.
Meus dedos tremiam enquanto seguravam o celular, meus olhos fixos na tela, como se, a qualquer momento, aquela imagem fosse desaparecer. Como se, de alguma forma, eu pudesse acordar desse pesadelo.
Mas a foto continuava ali. Ele continuava ali.
Enzo.
O homem que eu amava. O homem em quem confiei sem hesitar. O homem que, agora, estava estampado na tela do meu celular... com outra mulher.
Ela sorria para a câmera, uma expressão de pura satisfação, e ele estava ao lado dela. Perto o suficiente para que qualquer desculpa fosse inútil. Seus braços envolviam sua cintura de um jeito íntimo demais para ser um mal-entendido.
Meu coração batia forte, não por amor, mas por raiva, por incredulidade, por desespero.
— Diz que isso não é verdade, Enzo! — Minha voz falhou, embargada pela dor que tentava me sufocar.
Ele estava a poucos metros de mim, parado no meio da sala, como se tivesse sido pego de surpresa. Seu maxilar travado, os punhos cerrados ao lado do corpo. Mas não havia choque em seus olhos. Nem culpa.
Apenas exaustão.
E foi isso que me destruiu de verdade.
Ele não parecia um homem arrependido. Ele parecia um homem cansado. Como se estivesse esperando esse momento. Como se soubesse que, mais cedo ou mais tarde, eu descobriria.
— Eu posso explicar.
Senti o estômago revirar. Minha respiração ficou curta. Uma onda de náusea me tomou.
— Explicar?! — Soltei um riso incrédulo, encharcado de mágoa. — O que exatamente você pode explicar, Enzo? Porque, pelo que eu estou vendo, você me traiu! Você estava com outra mulher!
O silêncio dele foi ensurdecedor. Meus olhos ardiam, e o nó na garganta só apertava.
— Não foi assim. Não do jeito que você está pensando.
— Então me diz como foi! — exigi, a raiva misturando-se ao desespero. — Porque, para mim, parece exatamente isso!
Ele passou as mãos pelos cabelos, os olhos fechados por um breve momento. Como se tentasse encontrar a resposta certa. Como se tentasse aliviar a culpa que já estava estampada em cada traço seu.
Mas ele não disse nada.
O silêncio foi pior do que qualquer palavra.
Foi a confirmação que eu não queria. Foi a sentença final para algo que, até aquela noite, eu acreditava ser eterno.
A dor rasgou meu peito de dentro para fora. Meu corpo inteiro parecia prestes a desmoronar, mas eu me recusei a ceder.
— Você não tem nada para dizer? — Minha voz saiu em um sussurro, mais para mim mesma do que para ele.
Ele me olhou, e, por um segundo, vi algo brilhar em seus olhos. Algo parecido com arrependimento. Mas foi passageiro.
— Ana… — ele começou, mas parou. Seu olhar fugiu do meu.
Ele não tinha mais nada para me dizer.
— Vou te dar uma última chance, Enzo. — Minha voz soou mais firme do que eu esperava.
— Você precisa entender… Minha mãe não iria me deixar levar você. Então ela chamou a Val para me acompanhar, mas foi só isso. Você precisa acreditar em mim.
As palavras dele me deixaram em choque.
— Eu preciso entender o quê? Que você e a sua mamãe têm vergonha de mim? — Perguntei, completamente dilacerada.
— Eu nunca disse isso, Ana! Eu te amo. Mas, como eu disse, você precisa entender… A família de onde eu venho é complicada.
— Já entendi, Enzo. Sei que sou de família humilde, mas tenho muito orgulho disso. Minha família é batalhadora, e não me envergonho do meu falecido pai ter sido mecânico, nem da minha mãe ser auxiliar de serviços gerais. Não me envergonho de ter a mesma profissão que ela, porque foi isso que pagou minha faculdade, já que riquinhos como você ocupam as vagas das universidades públicas. Tenho orgulho da família que tenho, por mais humilde que sejamos.
— Aninha, você está levando isso para outro lado.
— Para você, sou Ana Luiza.
— Para com isso, vai.
— Vou te fazer uma última pergunta e, dependendo da sua resposta, talvez eu possa pensar em te perdoar. — Ele me encarou com expectativa.
Peguei o celular novamente e mostrei o vídeo em que ele e Valentina estavam se beijando.
— E então? Isso aqui você também pode explicar? Sua mãe também mandou você beijar essa mulher?
Ele olhava para mim e para a tela do celular. Seus olhos se moviam entre nós, mas ele não conseguia dizer nada. Não havia desculpa, porque não havia justificativa.
E aquilo… Aquilo foi o que me destruiu.
Engoli o choro. Endireitei os ombros. Peguei minha bolsa, que estava no sofá, e passei por ele sem olhar para trás.
Mas, quando cheguei à porta, senti sua mão segurar meu braço.
— Não vá assim.
Minha pele arrepiou com o contato. Meu coração implorou para que eu me virasse, para que olhasse para ele uma última vez. Mas minha razão gritou mais alto.
Puxei meu braço de volta, libertando-me do toque que já não me pertencia.
— Você me perdeu, Enzo. Nosso noivado termina aqui.
Minha voz saiu firme, mas, por dentro, eu estava quebrada.
Dei o primeiro passo para fora. Depois o segundo. A cada centímetro que me afastava, sentia como se estivesse deixando um pedaço de mim naquele apartamento.
Eu sabia que, se ficasse mais um segundo ali, não teria forças para ir embora. Eu tinha uma dependência emocional muito grande de Enzo e não sabia como viver sem ele. Mas uma coisa era certa: não podia ficar com alguém que me jurava amor eterno e fidelidade, mas me escondia por causa da minha condição financeira.
Cheguei em casa aos pedaços, e minha mãe me consolou por horas. Ela me acalentou e disse que, um dia, eu encontraria alguém que me amasse de verdade.
Mas, naquela noite, tomei minha decisão.
Jamais abriria meu coração novamente. Não queria passar por isso outra vez.
Ana Luiza Martinelli AlbuquerqueTrês anos depoisTrês anos se passaram desde aquela noite mágica no restaurante. Três anos desde que voltamos a ser uma família de verdade, completa, inteira, feliz. E o tempo… ah, o tempo tem sido generoso conosco.Não há um só dia em que eu não agradeça por termos reencontrado o caminho, por termos reconstruído tudo aquilo que um dia foi destruído pelas dores, medos e mágoas. Porque hoje, olhando ao redor, só vejo amor. E mesmo quando as dificuldades aparecem, elas não nos abalam mais porque agora somos fortes, juntos.Nando está com dez anos. Dez. Parece mentira. Ainda lembro dele de pijaminha dos heróis, com os pezinhos correndo pela casa, os olhinhos brilhando ao ver um desenho novo ou fazer alguma pergunta difícil sobre o mundo. Hoje ele ainda tem esse brilho nos olhos, mas há algo mais… algo que vem de dentro. Um propósito.Ele quer ser médico. Não é só uma ideia de criança. É uma certeza. Um desejo que nasceu no fundo do coraçãozinho dele, dep
Enzo AlbuquerqueA noite estava perfeita.Havia algo mágico no ar talvez fosse o perfume suave da Ana misturado ao riso alegre do Nando, ou talvez fosse o simples fato de estarmos juntos, finalmente, do jeito que sempre sonhei. Era uma daquelas noites que a gente quer guardar em um potinho, sabe? Como se fosse possível congelar o tempo só para revivê-lo sempre que a saudade bater. E eu já sabia, mesmo enquanto tudo ainda acontecia, que eu sentiria saudade dessa noite pro resto da minha vida.Entramos no restaurante como uma verdadeira família. Um dos mais chiques da cidade, luzes baixas, velas nas mesas, taças de cristal que tilintavam sutilmente com o movimento. Tudo muito elegante. Mas, para mim, o que mais brilhava ali era o sorriso da Ana e o brilho nos olhos do nosso pequeno.— Papai, olha! — Nando puxava minha manga, apontando animado para o garçom que equilibrava três pratos na mão. — Será que ele treinou no circo?Soltei uma risada, daquelas sinceras, e me abaixei até ficar n
Se existe uma palavra para descrever o que eu sentia naquele momento, era gratidão. E talvez “empolgada” também. Ou “completamente surtada de alegria”. Enfim, era muita emoção pra apenas uma ex-noiva, atual esposa e mãe em lua de mel... ou melhor: familimel, como batizamos esse momento tão nosso.Depois de uma noite intensa e mágica, Enzo e eu acordamos ainda com aquele brilho no olhar de quem realizou um sonho. Fizemos questão de buscar o Nando pessoalmente porque essa viagem ao Caribe não estaria completa sem o pedacinho mais importante do nosso coração.Assim que abrimos a porta da casa da minha mãe, lá estava ele: com a mochila nas costas, uma viseira torta na cabeça e um sorrisão de orelha a orelha.— Papai! Mamãe! Eu tô pronto! — ele gritou, correndo pra nos abraçar como se não nos visse há dias.— Eita, que saudade! — Enzo o levantou no ar e girou, fazendo Nando gargalhar. — Pronto pro Caribe, campeão?— Prontíssimo! Eu quero nadar, brincar na areia e tomar muito sorvete!— Só
Se eu achava que caminhar até o altar havia sido o ápice da emoção, eu estava redondamente enganada. Porque logo após aquele beijo roubado que fez o padre rir e dizer que estávamos “apressadinhos” a emoção apenas se multiplicou. Os aplausos ecoaram pelo salão como um abraço coletivo. Sorrisos, lágrimas e aquele calor que só um amor verdadeiro espalha por onde passa.Eu estava oficialmente casada com Enzo Albuquerque.E agora... era hora de comemorar.Saímos do altar de mãos dadas, enquanto a trilha instrumental de “Perfect” do Ed Sheeran tocava. A chuva de pétalas caiu sobre nós como uma bênção. Assim que chegamos ao salão da recepção, eu olhei tudo em volta com o coração disparado. Cada detalhe havia sido pensado com carinho. As luzes amareladas criavam um clima acolhedor, as flores brancas e azuis enfeitavam as mesas com delicadeza, e o aroma suave de lavanda parecia envolver o ambiente como um perfume de tranquilidade.Mas o que mais me chamou atenção foi a pista de dança ao fundo
Caminhar até o altar com o braço do meu irmão entrelaçado ao meu era como flutuar entre memórias e promessas. Os olhos de Enzo se encontraram com os meus, e ali, naquela troca silenciosa, tudo fez sentido. O mundo inteiro desapareceu restamos apenas nós dois, como se todo o universo tivesse se recolhido para nos dar espaço.Meus dedos tremiam sobre o buquê. O som do violino preenchia o salão, ecoando como uma trilha sonora perfeita para o que vínhamos construindo há tanto tempo. Quando enfim cheguei ao altar, Gabriel me entregou com um beijo carinhoso na testa, e Enzo segurou minha mão com uma delicadeza que fazia o coração querer explodir.Ele estava lindo. Mais do que isso. Estava... radiante. Os olhos brilhando, os lábios curvados num sorriso torto que eu conhecia tão bem.— Você está linda — sussurrou, curvando-se levemente até meu ouvido.Sorri. Mas foi o que ele disse em seguida que me fez arregalar os olhos.— Mal posso esperar pra arrancar esse vestido com os dentes.O calor s
Ana Luiza Martinelli Um ano. Já fazia um ano desde que tudo desmoronou... e ao mesmo tempo, foi nesse mesmo caos que a vida encontrou um jeito torto de se reorganizar. A dor, as perdas, os silêncios... tudo isso ficou registrado nas cicatrizes que levamos no peito, mas hoje era diferente. Hoje era sobre renascimento. Sobre recomeçar.Hoje era o dia do meu casamento com Enzo.Olhei meu reflexo no espelho pela terceira vez. O vestido era simples, mas carregava uma elegância que parecia conversar com a mulher que eu tinha me tornado. O tecido abraçava minhas curvas com delicadeza, e o véu caía suavemente sobre meus ombros. Nunca imaginei que usaria algo tão branco, tão simbólico, tão... meu.Atrás de mim, minha mãe não conseguia conter as lágrimas. Ela fungava sem disfarçar, apertando um lenço rendado nas mãos trêmulas.— Eu nunca vi uma noiva tão linda... — disse, com a voz embargada, me olhando com ternura.Meus olhos marejaram, mas segurei firme. Hoje eu só queria sorrir.— Ah, Dona
Último capítulo