Ana Luiza Martinelli
Nunca imaginei que um dia minha rotina envolveria hospitais, exames e orações sufocadas entre um diagnóstico e outro. Mas ali estávamos nós. Reunidos, todos os que amavam o Nando: minha mãe, Enzo, Gabriel, Rafa e Lorenzo. Unidos por uma única esperança encontrar entre nós a compatibilidade necessária para salvá-lo.
A sala de espera do laboratório tinha paredes frias, mas o que gelava meu corpo era o medo. Minhas pernas bambearam, e meus olhos ardiam pelo esforço quase sobre-humano de não ceder ao choro. A dor não podia vencer, não agora. Minha mãe estava sentada ao meu lado, as mãos cruzadas no colo, o olhar fixo à frente. Era aquele mesmo olhar que ela usou ao encarar Heloíse no hospital um misto de fé inabalável e raiva contida, como se pudesse, com a força da mente, derrotar o mal que nos cercava.
Gabriel, sempre tão irreverente, parecia outro homem. Nenhuma piada, nenhum comentário sarcástico, apenas silêncio. Um silêncio denso, cheio de preocupação. Já Lore