O silêncio no carro era confortável. Ana Luiza olhava pela janela, distraída com as luzes da cidade que se estendiam como um tapete iluminado sob o céu escuro. Meu coração batia acelerado, como se cada batida carregasse o peso de tudo que ainda precisava ser dito, de tudo que eu queria viver ao lado dela… de tudo que eu ainda esperava que não fosse tarde demais.
Dirigi devagar, não por medo do trânsito, mas para prolongar cada segundo ao lado dela. A presença dela era um bálsamo que eu havia esquecido o quanto me fazia bem.
Desviei o olhar da pista por um instante, observando suas mãos repousadas sobre o colo. Respirei fundo e, sem pensar duas vezes, estendi a minha e toquei a dela com delicadeza.
Ela virou o rosto lentamente e nossos olhos se encontraram. Havia dor nos dela, mas também havia saudade. Muita saudade.
— Ana… — comecei, hesitante, mas determinado. — Fica comigo essa noite? Por favor.
Vi os olhos dela se arregalarem um pouco, e uma pontinha de hesitação surgiu. Mas logo s