— Alô?
— Ana... — a voz dele era suave, mas carregava uma ponta de decepção que me atingiu como uma bofetada silenciosa. — Achei que você fosse me ligar depois do que aconteceu no jantar.
Fechei os olhos por um momento, buscando palavras que não parecessem apenas desculpas esfarrapadas.
— Me desculpa, Richard. Eu... não consegui. As coisas aconteceram tão rápido. O estado do Nando piorou e, desde então... eu só consigo pensar nele.
Houve um breve silêncio do outro lado da linha, até que ele suspirou.
— Entendo, Ana. De verdade. Não sou egoísta a ponto de cobrar algo nesse momento. Sei que o seu filho está lutando pela vida, e isso vem antes de qualquer coisa.
Senti um nó na garganta. Richard sempre foi gentil, atencioso. Ele merecia mais do que um simples "me desculpa". Mas naquele instante, era o melhor que eu podia oferecer.
— Obrigada por entender. Eu realmente queria ter te procurado... Só que tudo ficou tão confuso.
— Não precisa se explicar — ele disse, com um tom sereno. —